segunda-feira, 1 de junho de 2015

De Ouro Preto a Congonhas - MG: 88,81 Km



No dia 02 de maio de 2015, meu amigo José Alves o “zequinha” e eu começamos a pedalar pelo caminho do ouro, o caminho velho. Depois de 07 (sete) anos saio de novo rumo à Parati – RJ, saindo de Ouro Preto. Desta vez, estávamos determinados a fazer a Estrada Real seguindo as planilhas do Instituto Estrada Real, muita trilha, muita terra, lama, poeira e cerca de 75,5 km de asfalto de um total de 710 km.

Ao chegarmos na rodoviária de Ouro preto no dia primeiro de maio, resolvemos montar as bikes ali mesmo e economizar no taxi ou na caminhada. Saímos à procura de um pouso de preço justo. Dormimos no hostel Buena Vista e no dia seguinte 02/05 saímos por volta das 06h de Ouro preto rumo à Glaura.

Preparando as Bikes na rodoviária de Ouro Preto

Ouro Preto


De Ouro Preto a Congonhas - MG: 88,81 Km


Logo no início, a subida nos lembra que estamos na Estrada Real. Primeiro asfalto e logo em seguida uma desafiante subida na terra. Por recomendação das planilhas evitamos a primeira trilha que tem cerca de 18 km em terreno difícil e tomado pelo mato e para quem vai de alforje, que como os nossos pesavam cerca de 20 kg, torna-se algo  impraticável.

Chegamos em São Bartolomeu e fomos visitar o amigo Harald, que possui ali um agradável restaurante especializado em massas. Como eu sempre deixo um livro pelo caminho, o presenteei com o livro do Marcos Caetano Ribas “A História do Caminho do Ouro em Paraty” . Harald por sua vez nos presenteou com uma goiabada cascão que faz a fama de São Bartolomeu como a terra dos doces, depois de comer aquele doce entendi o  porquê da fama.
Trilha próxima a Glaura

Com o nosso amigo Harald

Casa de taipa à beira da estrada





Chegando em Glaura, pegamos uma trilha de cerca de 3 km, que a planilha coloca como de fácil acesso, porém... Na verdade, não é muito fácil para quem leva alforjes, mas o visual e a emoção do single track subindo, vale a pena.
Igreja em Glaura


Igreja de Santo Antônio do Leite 


Passamos ainda por Santo Antônio do Leite, Lobo Leite e chegamos à Congonhas. Como a noite nos encontrou pedalando, dormimos em uma pousada em um posto de Gasolina,  boas camas e bom banheiro (50,00) com café (que não tomamos pois sempre "zarpávamos" antes)

Em Congonhas, visita ao santuário de Bom Jesus de Matozinhos, obras de Aleijadinho, Patrimônio Cultural da Humanidade e rodas na estrada.
acima e abaixo, no Santuário de Bom Jesus de Matozinhos em Congonhas - MG

Em Congonhas



O profeta Joel, uma das doze esculturas em pedra sabão feitas por Aleijadinho

A Santa Ceia esculpida por Aleijadinho
A goiabada de São Bartolomeu que ganhamos do Harald

De Congonhas a Casa Grande - 74,5 km

De Congonhas a Casa Grande  - 74,5 km


 Do marco 216 em diante foi só seguir as planilhas. Passamos por Pequeri, São Brás do Suaçuí, Entre Rios de Minas e fomos dormir em Casa Grande.
              
A bicicleta do meu parceiro começava a apresentar os primeiros problemas com a fixação do bagageiro. Saindo de Pequeri pegamos uma trilha descendo, mesmo com alforjes, um prazeroso single track. Em São Brás do Suaçuí, um mecânico consertou o bagageiro de graça, colocou parafusos novos e o bagageiro ficou firme, dava pra carregar os trem (um monte de coisa qualquer).

Encontramos um boi agonizando depois de ter sido atropelado pelo trem (aquela coisa que anda nos trilhos), mas alguém já se encaminhava para sacrificar o bicho. Outra vez a noite nos encontrou na estrada, uma lua cheia aparecia na serra de Camapuã, uns trilheiros sem faróis nos pregaram um susto, acendemos nossas lanternas e luzes de alerta e prosseguimos. Um Caminhoneiro e sua esposa gentilmente se ofereceram para irem iluminando a estrada para nós. Recusamos, pois nosso destino ainda estava longe, e, isso iria causar um transtorno para o bom caminhoneiro que teria que ir bem devagar. Durante nossa viagem veríamos ainda grandes mostras de hospitalidade e cortesia por parte dos moradores. Chegamos em Casa Grande mais tarde do que gostaríamos e conseguimos vaga na única pensão da cidade, nossos anfitriões, Dona Irene e seu Zeca. 45,00 de pouso em boa cama em quarto com banheiro e 10,00 por um jantar inesquecível. Destaque para a carne de panela e o macarrão.




Fachada do Hospital Cassiano Campolina em Entre Rios
Monumento ao cavalo Campolina

Marcão e Marquinho no pôr do sol em Camapuã

Lua cheia em Camapuã





Capela Olhos D´água


No terceiro dia saímos de casa grande às 06h, e logo pegamos uma trilha, que é para não acostumarmos com estradões.
Trilha próxima a Casa Grande

Marcão coroado com Bromélia

De Casa Grande a Tiradentes e São João Del Rei – 69,22 Km


De Casa Grande a Tiradentes – 69,22 Km


Chegamos em Lagoa Dourada fomos direto comer um rocambole que é a marca registrada da cidade.

A bike do meu parceiro arrumou (ou desarrumou) um novo problema, agora era o freio, pastilhas e  ar nos conduites do freio hidráulico. Lembram que os cicloturistas preferem os freios V-breaks, é por isso.

O zequinha guerreiro por natureza, seguiu até a igreja de Nossa Senhora das Graças no marco 904. De lá fui buscar socorro, segui cerca de 2 Km e encontrei o Márcio, que gentilmente o levou até Prados para ver se encontrava um mecânico. Segui sozinho, passei por Prados, Bichinho e encontrei o José Alves em Tiradentes. Só conseguiríamos consertar a bike em São João del Rei.
Igreja NS das Graças


Prados - MG

Igreja em Prados


Igreja de Nossa Senhora da Penha de França em Bichinho edificada entre 1732 e 1771

Artesanato em Bichinho

Vista da Serra de São José ao fundo

Em Tiradentes

Praça de Tiradentes

Marcão com seu anjo da guarda


Prados - MG





O terreno até Tiradentes é de muita subida em piso de calçamento de pedras. Bom para massagear órgãos internos. Em compensação há a vista da serra de São José, um espetáculo que exige momentos de contemplação.

Bichinho é um espetáculo por si só, quem gosta de artesanato fica doido e quer voltar um dia de carro só para encher o porta-malas.

Tiradentes dispensa comentários, casario do século XVIII, gastronomia, a matriz de Santo Antônio, maria-fumaça.

Dormimos em Tiradentes para aproveitar um pouco do turismo local, e no dia seguinte como a bicicleta ainda estava sem freios, decidimos ir acompanhando a estrada de trem, desta forma, saindo da Estrada Real por cerca de 12 Km. A margem da Estrada de Ferro também guarda suas emoções. Tem que ter cuidado quando a Maria Fumaça estiver andando (sextas, sábados, domingos e feriados) pois há algumas pontes para atravessar e em uma delas se você ver a maria-fumaça, não vai dar tempo de atravessar. O ideal é seguir a Estrada Real.


De Tiradentes a São João Del Rei – 11,19 Km

Chegamos a São João Del Rei, bem cedo, nos hospedamos na pousada da Estação, um casarão do século XVIII com 18 apartamentos aconchegantes. De lá fomos até a oficina de bicicletas que eu  conhecia de outra ocasião. As magrelas foram consertada e regulada e voltamos para a pousada, choveu toda a tarde, uma chuva que alternava chuviscos e chuva forte, descansamos bastante e só no início da noite deu para fazer um turismo.

Casario em São João Del Rei

Basílica Nossa Senhora do Pilar

Basílica Nossa Senhora do Pilar - noturna

Igreja de N. S. do Carmo

Memorial Tancredo Neves

Igreja Matriz de São Francisco





De São João Del Rei a Carrancas – 78,33 Km.

De São João Del Rei a Carrancas – 78,33 Km.


Saímos de São João Del Rei às 06h rumo a São Sebastião da Vitória, a terra do pão de queijo recheado, é claro que não podíamos deixar de comer um ou dois. Devido ao terreno alagado e o córrego estar cheio, pegamos o asfalto até São Sebastião, comemos o famoso pão de queijo que merece a fama que tem, abastecemos nossa despensa móvel, pois iríamos acampar em Carrancas.
A caminho de Caquende

Em Rio das Mortes


Seguimos pela Estrada Real rumo a Caquende, muito barro, muitas deslizadas e muitas paradas para tirar barro das correntes e dos pneus. De longe já avistamos a represa de Camargos, formada pelo Rio Grande e que gera energia desde 1960. Passamos por Caquende, quando descobrimos que havíamos  nos esquecido de comprar álcool para o nosso fogareiro, e como Caquende não tinha nenhuma venda, uma moradora nos ofereceu um pouco de álcool, o que foi mais que o suficiente.

Esperando a balsa para atravessar a represa de Camargos

Capela de  N. S. da Conceição do Porto do Saco –iniciada em 1790


                     
Chegamos no atracadouro da balsa e esperamos por cerca de uma hora, apitamos, gritamos, acenamos com os braços e nada. Depois de muita espera alguém informou que a bendita estava quebrada. Enquanto tentávamos outra maneira de atravessar, um barco a motor chegou trazendo outro ciclista, que fazia a Estrada Real de Parati a Ouro Preto. Ele nos contou que saíram vários ciclistas, mas depois de enfrentarem a subida da serra do mar em Parati os outros desistiram e ele continuou sozinho.
Atravessamos a represa no barco a motor abastecemos em uma pousada em Capela do Saco, que fica do outro lado da represa e seguimos em direção à serra de Carrancas.
O percurso é ótimo e de longe já podemos ver a serra de Carrancas. Em outros tempos, ela era um desafio bem maior do que é hoje. Mas mesmo assim é uma esplêndida subida.
A estrada foi alterada para facilitar a subida de carros, com isso perdeu um pouco da beleza e do desafio, mas a vegetação, as nascentes de água, o silêncio e frio fazem daquela subida um dos melhores momentos da Estrada Real.
Decidimos acampar no alto da serra, a neblina dominava o cenário, o vento soprava forte e o frio convidava ao agasalho.









Fotos acima: durante a subida à Serra de Carrancas


Usamos lenços umedecidos e água que recolhemos em uma nascente para tomar o melhor banho que se podia, armamos as barracas e preparamos um surpreendente macarrão com sardinhas e para animar um bom cappuccino e acampamos a mais de 1.300 m de altitude. A Serra de Carrancas atinge 1590m de altitude.



Acampamento na serra