segunda-feira, 5 de outubro de 2015

TRAVESSIA DO URUGUAI 2015










Setembro, o único mês disponível para as férias de minha esposa,  juntamente com agosto um dos meses mas ventosos no Uruguai. No ano anterior eu acompanhei pela internet, ventos de 54 Km/h que sopravam o dia inteiro. Resolvi encarar o vento e o frio de final de inverno  no pequeno e lindo Uruguai.

Antes de pedalar, minha logística incluiu, uma viagem de ônibus à Brasília, um taxi até o aeroporto, um voo para Porto Alegre, mais oito horas de ônibus de Porto Alegre ao Chuí. 

logo após o desembarque na rodoviária de Chuí

Rumo à Montevidéu 



Cheguei às sete e meia ao Chuí a cidade mais ao sul do Brasil, montei a bicicleta na pequena rodoviária e tive minha primeira surpresa, a bomba de encher pneu quebrou. Era uma manhã de segunda-feira, sete de setembro. Ótimo, feriado no lado brasileiro da cidade. Todas as oficinas estavam fechadas, depois de ir a dois postos de combustível consegui encher os pneus no calibrador para veículos. Saquei um dinheiro no Banco do Brasil e fui tomar café da manhã no Uruguai. Devido a lei da demanda e  da procura  consorciada com o decreto do Não tenho escolha, paguei 25,00 por um cappuccino e um sanduíche no Uruguai.  Troquei o dinheiro em uma casa de câmbio e encontrei um loja de bike  que embasada na legislação anterior me cobrou 50,00 reais de uma bomba de pneu que no Brasil custa 30,00. Fazer o quê?

Resolvi  pedalar antes que meu dinheiro acabasse no Chuí. Uns 05 km depois de sair da cidade  o visitante se depara com a aduana. Para viajar pelo Uruguai e Argentina, basta um documento de identidade tirado nos últimos 10 anos e em bom estado de conservação. Por um problema em meus documentos, não consegui tirar a segunda via da identidade, então usei o meu passaporte, que também é válido para viajar pelos países do Mercosul. Carimbado o Passaporte, comecei a pedalar numa planície cujo asfalto é ótimo, o acostamento nesse trecho inicial, nem tanto, mas é perfeitamente transitável para uma bike com pneus  de MTB, 2.1, como eram os meus.


Esquema da viagem em um Placa

Era muito frio, até os cavalos estavam de jaqueta.

Nas rodovias planas e retas do Uruguai, um trecho se transformou
em uma pista de pouso  para aviões







Vista parcial das muralhas do Forte de Santa Teresa. 

Estátua próxima ao forte de Santa Teresa


Palmeira típica do Uruguai, encontrada por toda a extensão
das rotas 9 e 10


Outra cena comum em todo o Uruguai.



Soprava um brisa calma, caía uma garoa fina e gélida, e, fazia um frio antártico. Estava com um Anorak, (corta vento) e uma calça térmica e mesmo assim sentia frio, mas a vontade de pedalar aquecia o corpo e a alma. Com cerca de 33 km passei no Pueblo de La Coronilla, singelo, bonito e com uma praia linda, cujo mar estava gelado, comprei umas frutas em uma pequena venda, queria testar meu portunhol com alguém, conversei com alguns clientes e com o dono do estabelecimento que logo percebeu que eu era brasileiro. (não sei por que?  falei quase igual ao escritor  Horácio Quiroga). O dono do estabelecimento também era brasileiro, me contou uma estória conversamos um pouco  e zarpei  rumo ao meu primeiro pouso, Punta Del Diablo.

Na entrada do povoado

Meu jantar naquela noite.

Interior de uma das cabañas.

Mal saí de La Coronilla, o vento me lembrou que era setembro no Uruguai. Somado ao  frio esse vento fazia-me pedalar a 12 Km/h e parece que quanto mais eu tentava mais forte o vento soprava, fiz amizade com o vento e  pedalei de vagar  ouvindo  toda a sua canção. Faltando 05 Km para chegar no forte de Santa Tereza, meu pneu dianteiro fura. Isso é que é sorte. Não pelo pneu furado, mas furou bem em frente a um  parador (como eles chamam um bar, ou uma  “lancheria” na beira da estrada) utilizei-me de uma cadeira para apoiar a suspensão dianteira da Bike enquanto sacava a roda para trocar a câmara. O Vento inclemente, tornou esses cinco quilômetros longos e lentos. Cheguei em Santa Tereza  para visitar o Forte de muralha amarillas, a cor se deve à musgos que colorem de amarelo as muralhas do forte. O forte nessa época de baixa temporada só  abria aos sábados e domingos, mas é muito bonito o local, asfaltado e com vários pontos para se visitar. Por exemplo, o parque de Santa Tereza é bem  no final de um calçamento. Fiz um lanche ao pé de uma estátua equestre e voltei para a Rota 9 para continuar a viagem. Cheguei a Punta del Diablo às 14:10 foram apenas 54,57 Km rodados, mas deu para sentir como seria a viagem. (Punta del Diablo, dista de Chuy apenas 43 Km, mas com os passeios e visitas rodei 54,57 Km).

Depois de rodar procurando um hostel ou qualquer abrigo, percebi que estavam quase todos fechados, perguntei a um grupo de turistas brasileiros e eles me informaram um local que alugava cabanas e pra lá eu fui. Aluguei uma pitoresca cabana pelo equivalente a 80,00. Eles aceitavam tanto reais quanto pesos. No câmbio paguei uma cotação de 7,69 pesos por real. No comércio as pessoas estavam fazendo um câmbio de 8,00 pesos por real.

O Pueblo: Punta del Diablo já foi apenas um vilarejo de pescadores  frequentado por hippies, e ainda mantém uma atmosfera de paz e amor. Com várias opções de hospedagem, no verão é muito procurado por turista de várias partes do mundo, incluindo muitos brasileiros.
Possui muitos bares e restaurantes descolados, muitos, no entanto estavam fechados e possui três praias principais, Playa de La Viuda, Playa del Rivera e Playa de los Pescadores. As cabanas são uma ótima opção de hospedagem, tem beliches no térreo e uma cama de casal no mezanino e toda a área em volta das cabanas está equipada com várias Parillas, as churrasqueiras onde se preparam as parrilladas.




Quiosque para venda de produtos da região.

Ás margens do Arroyo Valizas.
No segundo dia, não houve moleza, acordei cedo e parti rumo à próxima parada, Cabo Polônio. Mas antes, uma ventania que ora me fazia andar a 9 km/h, ora a apenas 5 Km/h e o frio foi cortante. A topografia continuava como uma mesa, plana,  e o asfalto era bom. Mas isso não era o bastante para me fazer andar, ventos vindos do sul a 40 Km/h em um local onde quase não possui árvores para quebrar o vento que sopra constante tornam-se uma barreira difícil para o cicloturista. A paisagem apesar de ser bem monótona, me distraía, uma grande quantidade de aves podem ser avistadas da Rota 9, passei por  um cicloturista, fazendo o trajeto contrário ao meu, nos cumprimentamos e seguimos cada um para seu lado, ele tranqüilo, a favor do vento.

Arroyo Valizas

A vista das lagunas era sempre um alento. Lagunas imensas como a Laguna Negra e várias entradas para praias, como La Esmeralda que preferi não visitar devido ao cronograma atrasado. Pretendia chegar  ao terminal de ônibus de onde saem os caminhões que levam à Cabo Polônio até às 10:30, com a intenção de conhecer o lugar, voltar e continuar a pedalar.

Passei perto da cidade de Castillos e virei à esquerda pegando a Rota 16 rumo à Rota 10, foram cerca de 20Km, peguei as primeiras subidas no Uruguai, subidas discretas. Passei próximo à entrada de Águas Dulces, distava dali apenas 5 km, fiquei tentado em ir conhecer, mas meu objetivo era Cabo Polônio naquele dia. Peguei a Rota 10 e segui pedalando devagar. Passei por um Arroyo muito bonito, o Arroyo Valizas, com um pequeno aglomerado de casas às suas margens. Procurei um lugar para fazer um lanche e não tinha nada ali, me informaram que só haveria no terminal de ônibus. O Arroyo sai da Laguna Castillos e segue delimitando o lado norte do Parque Nacional de Cabo Polônio.

Veículo que leva até Cabo Polônio



Vista a partir do interior do veículo.


O transporte do terminal até o pueblo de Cabo Polônio é feito em caminhões adaptados para o transporte de turistas. Possui dois pisos com assentos. São cerca de 7 Km de um caminho com areia fofa que só é permitido ser feito por esse meio de transporte. Paguei 170 pesos (o equivalente a R$ 21,25) de ingresso e com direito à volta no caminhão.

Perdi o caminhão das 10:30, o próximo só sairia às 13:00, desmontei a bagagem, peguei o necessário para levar, e prendi a bike em um poste no estacionamento (tem vigilância 24h e não tem a menor possibilidade deles transportarem  bicicletas nos caminhões), somente quem pedala, sabe como é dura essa separação, é como tirar o Silver do Cavaleiro Solitário, ou Tornado do Zorro, mas assim como os heróis, às vezes o cicloturista tem que dar um descanso para a montaria. E ao contrário do que me disseram na estrada, não havia uma “lancheria” na estação, comi o lanche que estava levando.

Como era baixa temporada, o caminhão levou apenas cinco pessoas, o casal Shena e Jake, ela brasileira e ele norte-americano, outro jovem casal brasileiro e eu. Foi uma viagem de aproximadamente 15 minutos até o pequeno povoado de Cabo Polônio a parada é próxima de hostel com tarifas de 300 pesos por pessoa, havia quartos com camas de casal e quartos com quatro beliches. Há vários outros hostels em Cabo Polônio. Na baixa temporada não é problema se hospedar. Restaurantes também têm vários, comi um chivitos al plato e tomei a mais conhecida cerveja do Uruguai, a Patrícia,  um alfajor e paguei 370 pesos.

José Mujica, atualmente um "herói" local.

O hostel onde fiquei.

Pôr do sol em Cabo Polônio

Uma das muitas casas de veraneio do pueblo
Lobo-marinho

Praia com o farol ao fundo.

O pueblo: Sem energia elétrica, sem carros, sem sinal de celular e um orelhão, que funciona. Cabo Polônio é rústico, frio, lindo e dá vontade de ficar ali por muitos dias. Possui duas grandes praias- a Playa Sur e mais ao norte a Playa de la Calavera, onde estão os barcos dos pescadores. O povoado é composto por três caminhos principais e outros pequenos caminhos secundários, um leva às pousadas e restaurantes mais caros, outro leva ao farol e outro liga uma praia à outra cruzando o povoado. Seguindo da playa de la calavera em direção à playa sur está o pontão rochoso que abriga uma barulhenta colônia de Lobos Marinhos. Primeiro sentimos o cheiro, depois ouvimos a algazarra e só então vemos os bichos.

Há muitos filhotes mortos nas praias, eles se afastam das mães e não conseguem voltar. Presenciei um filhote que se distanciou muito pouco da colônia e parecia não saber voltar, dava vontade de ajuda-lo a retornar à colônia que estava a poucos metros, mas não sabia como ajuda-lo e infelizmente eu só estava presenciando  a natureza fazendo a seleção natural.

Esses animais no passado forneceram carne, gordura e pele aos uruguaios, hoje são protegidos e um dos maiores responsáveis pelo turismo local.

Um dos vários filhotes mortos na praia

Vista a partir do farol


Ilhas em frente ao cabo

Vista a partir do farol

Isla encantada

Outra atração do local é el Faro, o farol de Cabo Polônio, com 40 metros de altura, oferece uma visão privilegiada do povoado, assim como das ilhas que ficam na costa e que também abrigam lobos marinhos.  As islas rasa e encantada, são facilmente visualizadas do farol. Outra atração noturna de Cabo Polônio é o céu, salpicado de estrelas  que não concorrem com a poluição luminosa das luzes artificiais. O facho do farol que rasga com regularidade a escuridão da noite,  não atrapalha o show das estrelas que se apresentam para aqueles que resistem ao frio e ao desejo de voltar para a cama quentinha.


Melhorando o isolamento térmico
O terceiro dia (09/09) não começou com pedaladas, o primeiro caminhão nessa época do ano só sai às 11:00h. Na alta temporada há veículos a partir das 7:00h.

Fiz um café da manhã reforçado com produtos comprados na única venda do local (lujambio), apesar de simples é bem sortida, pode-se comprar vários tipos de pães, frutas, doces, vinhos por bons preços, sucos.Enfim, não se passa fome.

O caminhão voltou com apenas três pessoas, fiquei feliz de ver a bike presa ao poste. Peguei minha tralha que a atendente do terminal guardou para mim “en La oficina”  no escritório e peguei a estrada, nesse momento chegava na estação um grupo grande de jovens turistas.

Comecei a pedalar faltando sete minutos para  meio dia, agora rumo à La Pedrera. O pedal continuava pela bem pavimentada rota 10, um caminho agora mais arborizado, passei pela costa do oro, e algumas horas depois estava chegando em La Pedrera, um belo balneário ainda banhado pelo Atlântico. Fiz um passeio pela cidade e quando estava voltando uma senhora me apontou um grupo de baleias que nadava tranquilamente à uma distância relativamente pequena da costa. Tentei fazer umas fotos, não  fui muito feliz, só algumas barbatana dorsais e uma cauda muito rápida para focar e bater a foto. Mas foi muito legal ficar assistindo aqueles animais enormes nadando tranqüilos naquelas águas frias.




De La Pedrera voltei para a rota 10 e segui para La Paloma, que dista apenas 18 Km de La Pedrera. Pedalei tranquilo e sem pressa, a estrada é ótima e o visual é muito bonito. Cheguei em La Paloma às 15:30 fiquei em um bom hotel por um preço equivalente a R$ 100,00 para os confortáveis apartamentos da “planta baja”, o térreo. A cidade é muito bonita. Nesta baixa temporada, estava muito quieta, poucos turistas e os  moradores da cidade como em todo o Uruguai são muitos gentis e atenciosos. Passeie pela cidade, tentei visitar o farol  que estava fechado para manutenção, trata-se do farol  Cabo Santa Maria de 1874, ano em que a cidade foi fundada. Comi um lomo com papas fritas e tomei um vinho tannat, a especialidade do Uruguai.

Tanto La Pedrera como La Paloma possuem ótima estrutura, com muitos e bons restaurantes, pousadas, hostels e hotéis.



Esqueleto de uma baleia franca na praça de La Paloma

Bikes, muito usadas no Uruguai.

Outra coisa que chama a atenção é o esqueleto de uma baleia franca que fica na praça central da cidade, esses enormes animais são muito respeitados e admirados pelos uruguaios. Uma baleia franca vive cerca de 60 anos, podem chegar aos 18 metros de comprimento  e 55 toneladas.


Quarto dia 10/09
Acordei cedo, tomei o “desayuno”  e parti com a intenção de dormi em José Ignácio distante cerca de  79 km .  Como disse Van Gogh em uma carta, “os Moinhos já não existem, mas o vento, todavia, não para de soprar”.  Acho que o pintor pedalou  pelo Uruguai!

A chuva sempre presente.
Vi na TV  local que a balsa que fazia a travessia da laguna Rocha, próxima a La Paloma, não estava funcionando e não tinha como atravessar o canal que deságua no mar, e como a maré estava alta e o mar com ressaca, resolvi tomar a Rota 15 em direção à cidade de Rocha e lá retomar à rota 9. Agora um sobe e desce constante por um asfalto perfeito com um acostamento idem. No céu, cúmulos nimbus, anunciavam  uma chuva gelada. Pensei que se chovesse eu estaria em uma  enrascada, como o clima é senhor de si mesmo, parei, sentei-me na beira da estrada e  tomei um lanche digno de um glutão, se chovesse pelo menos estaria bem alimentado. Continuei a pedalada e Deus resolveu poupar-me da chuva fria e ela se foi pro norte.




Depois de andar muitos quilômetros pela rota 09 virei à esquerda em uma estrada secundária rumo a José Ignácio, um Pueblo sensacional.  







Cena comum, venda de pinhas e madeira para servir de lenha.


Mansões, restaurantes descolados, todos fechados, hostels mais descolados ainda, todos fechados. Tentei negociar minha permanência e um hostel que passava por uma pequena reforma e a dona me disse que poderia me atender caso fosse uma emergência. Valor  50 dólares americanos. (Enquanto isso, no Brasil, perdíamos o grau de investimento e o dólar disparava, já estava a quase 4 reais).


Em José Ignácio não havia caixas para sacar dinheiro e meu dinheiro não dava para dormir e comer.

 A  moça  do hostel me disse que até  Punta del Este eram cerca de  35 km, e que lá tem várias opções de hospedagem e “cajero par sacar diñero”.  Lá vai eu, pedalando contra o vento, sem lenço e sem documento. Nesse trecho até Punta del Este, fiz algo que nunca havia experimentado. Como o vento me empurrava para a minha direita e me jogava para fora do acostamento, aprendi a pedalar encostado no vento. Inclinava a bike para minha esquerda e o vento me sustentava, com isso conseguia manter uma linha reta, mesmo pedalando a míseros 5 km/h pelo menos fazia a bike avançar.  José Ignácio pertence ao Departamento (equivalente a Estado no Brasil) de Maldonado, assim como Punta del Este.

 A estrada é ainda mais bonita, o início da pedalada é bem próximo à praia. Em um momento pedalei por uma  parte em que tinha o mar de um lado e a Laguna José Ignácio de outro. Esse trecho é bem urbanizado,  porém estava demorando a encontrar um  local para comprar água e parei para perguntar a uma simpática senhora que tinha uma barraquinha de empanadas e tapas e ela que não vendia água, dividiu comigo um pouco da sua própria garrafa.  Esse trecho tem muitas paradas de ônibus e muitos balneários. Passei pelo  Balneário de Buenos Aires, El Chorro, Manatiales, Laguna Blanca e La Barra com muitos hotéis e pousadas, parei em várias, nenhuma estava hospedando. Aí um  muchacho de um hotel me indicou o Mantra, rodei vários quilômetros até encontrar o tal, quando vi a fachada, desisti, era um cassino e resort e a diária era de R$ 1.000,00, já estava muito cansado, mas isso me animou a ir até Punta del Este.

Trecho próximo a José Ignácio

Continuei pedalando e passei pela ponte ondulada que atravessa o Arroyo Maldonado. Depois disso é um passeio pela Rambla, com suas casas de padrão Miami, grandes condomínios e prédios suntuosos. Já era noite quando encontrei um hostel, bem acolhedor, seu dono é o Tony que também curte bicicletas e possui uma Raleigh antiga. O hostel é o B&B – Bed and Breakfast paguei 400 pesos, equivalente a 50,00 com direito a café da manhã como informa o nome do hostel.


A bela orla de Punta del Este.
Dividi o quarto com o Sr. Júllio um simpático montevideano que me deu uma aula de pronúncia em espanhol. Saí para comer uma carne com papas e ensalada três gustos,  uma ótima carne acompanhada de  batatas e salada com Lechugas (alface)  remolachas (Beterraba) e tomate (tomate mesmo). Acompanhado por uma Botella de Tannat tudo isso por 720 pesos incluindo a propina (gorjeta) para a garçonete, o equivalente a  R$ 90,00,  não foi barato mas a comida e o ambiente eram ótimos.



Ponte ondulada no departamento de Maldonado

Vista parcial de Punta del Este.



O quinto  dia - 11/09
Na manhã seguinte fui conhecer o monumento ao afogado, a escultura de Mário Irarrázabal, também conhecido como La Mano. Punta Del Este é uma grande cidade com pouco mais de 10 mil habitantes. A maioria das mansões e apartamentos são de pessoas que só vão lá  no verão. A consequência disso é que parece que estamos andando em uma metrópole deserta.

Parei em frente ao hotel Conrad que é um famoso resort e cassino, fiz umas fotos da cidade,  e do mar del plata (a mistura do mar com o rio de la plata) e parti seguindo pela belíssima Rambla Cláudio William, depois de andar 3,5 km contra o sempre implacável vento, resolvi beber água da mochila de reidratação. Surpresa, ela não estava em minhas costas, eu a havia esquecido  na última parada. Dentro dela, parte de meu dinheiro recém sacado, câmera fotográfica,  documentos e água, ou seja o mais precioso tesouro de um viajante. Voltei "voando", agora a favor do vento e pude sentir o quanto é fácil pedalar nesta situação.  A mochila ainda estava lá intacta, do jeito que eu havia deixado. Ufa! Percebi que comecei a relaxar cedo demais.
La Mano - ou monumento ao afogado.


Meu destino hoje era Piriápolis, um balneário superprocurado do Uruguai, banhando pelo rio da plata, já com sua cor característica de um rio que deságua no mar. Priápolis  possui em seus arredores, alguns morros que possibilitam boa visão do litoral. Tem até um teleférico. Tem  vários hotéis e restaurantes, fiquei no hotel Lujan, aberto o ano todo. Comi em um restaurante em frente ao hotel. Lá um garçom (camareiro ou mozo) mal humorado, mas uma comida excelente. Fiz um passeio pela cidade, inclusive sua Rambla, bela e extensa.

Praça em Piriápolis


Vista parcial da Rambla de Piriápolis


Boa estrutura hoteleira em Piriápolis

Ao fundo o morro do teleférico

Uma cidade tranquila nessa época do ano

Saindo do Hotel

Por toda a extensão, rodovias sem lixo e com margens bem cuidadas

viaduto que dá acesso à Atlântida

As árvores ainda sentem o final do inverno.

No sexto dia, saí de Piriápolis para chegar até Montevideo, são 98 Km, fiz meu dasayuno, com as onipresentes medialunas, que são uma  espécie de croissant (bom, eu acho). Saí  seguindo pela rambla, com o rio/mar meio ressaqueado, jogando água para o alto. Passei em Atlântida (45 Km) uma bela cidade à beira do Plata, almocei um chivitos caprichado e continuei, sempre por uma boa estrada   com acostamento ótimo e movimento tranquilo. A partir de Atlântida quase todo o percurso já tem um ar de região metropolitana, só que tudo muito limpo e bem cuidado.

 Fiz esse último dia de pedal com calma curtindo cada paisagem, cheguei por volta de 16:00 em Montevidéu. Linda cidade, com sua rambla de 28 Km. Pessoas caminhando, pedalando, tomando seu mate na praia, na rua, na calçada, nas sacadas em qualquer e todos os lugares.


Aeroporto de Montevidéu.

Estrada que dá acesso à cidade de Montevidéu.



Pedalei por mais da metade da rambla e procurei hospedagem em Punta Carretas, me hospedei  no primeiro hotel que encontrei naquelas imediações, uma vez que era  próximo à calle que levava direto ao terminal de três cruces, onde dá para pegar ônibus que levam a sacramento  de onde também sai o buquebus.  Do Hotel, caminhei cerca de 5 Km até o terminal. Acabei comprando uma passagem (R$ 350,00) saindo do porto de Montevidéu para o porto Madero em Buenos Aires.







Início da Rambla em Montevidéu.

Rambla 

Museu Oceanográfico de Montevidéu.
Montevidéu imensa área para lazer 

Esperando o Buquebus


Vista do interior da estação do Buquebus


Interior do Buquebus - Francisco

A moça do guichê da buquebus, naquele dia, muito mal humorada, falou que eu teria que desmontar a bike para transportá-la. No dia seguinte, saí do hotel e fui pedalando para o porto, com isso, pedalei por toda a rambla. Como era um domingo, vários ciclistas usavam a larga avenida que margeia a rambla para pedalar. A rambla vai mudando de nome durante o percurso, Mahatma Gandhi, Wilson, Argentina e por aí vai. Vi que na “ciudad vieja” havia boas opções de hospedagens, inclusive mais baratas e com inúmeras atrações para se visitar. (fica a dica, chegando na rambla, vá até o final que encontrará hotéis a preços mais camaradas, muitos museus e bem próximo ao porto). Chegando ao porto, o funcionário, muito simpático disse que eu poderia embarcar com a bike montada e continuar minha viagem em Buenos Aires, era o que eu queria. Despachei a montaria  e fiz a viagem de cerca de três horas no luxuoso buquebus “Francisco” um shopping flutuante, com motores possantes.

um trecho do "Caminito" no bairro do Boca

Quadro de Van Gogh, los molinos - Exposto no Museu de Belas Artes



Fóssil de um diplodocus no Museu de La Plata a 56 Km de Buenos Aires

Fóssil de Preguiça Gigante


Dá para andar por toda a parte turistica de Buenos Aires de Bike.
A retirada é gratuita.

Fachada do MALBA - entrada paga, o acervo inclui o Abapuru , Frida Kahlo, Botero,
 Diego Rivera e muitos outros.

Fachada do Museu de Belas Artes.  Entrada gratuita - acervo riquíssimo,
obras de Goya, Rodin, Van Gogh, Modigliani, Gauguin e muitos outros

Abapuru - de Tarcila do Amaral - Exposto no MALBA.



No dia 13 de setembro, encontrei uma Buenos Aires mais caliente do que o Uruguai, dispensei o corta vento e fiz um turismo pela belíssima capital cheia de ciclovias, muito bem arborizada, limpa e fresca. Saí de Porto Madero, passei pela Casa Rosada, e segui para a 9 de julho, onde me hospedaria. A cidade é tão boa para pedalar que resolvi me aventurar mais para o centro, antes de ir para o hotel.



Dicas:  Se não quiser lutar contra o vento, evite agosto e setembro;
            Dá para levar reais, tanto no Urugai, quanto na Argentina teria gastado menos se tivesse levado reais.
                Em Buenos Aires, olho vivo com os taxistas, um deles roubou dinheiro de minha esposa. Do aeroporto para o hotel, minha esposa sozinha, tentou pagar a corrida com três notas de 100 pesos (a corrida 270 pesos). O motorista falou que se tivesse reais poderia receber em reais, quando a passageira deu os reais, ele devolveu três notas, somente no hotel, que  minha esposa percebeu que as notas devolvidas  eram de 10 pesos e não as de 100. Resumo o bandido cobrou a corrida duas vezes.