Como disse anteriormente, optamos por começar pelo Caminho Novo, pois queríamos muito passar por Lavras Novas e Ouro Branco e consequentemente pelo complexo de pontes antigas do córrego Rancharia. São pontes de estilo Romano, construídas no século XVIII, belíssimas e que estão sendo restauradas para o deleite dos turistas. A estrada que leva à Lavras Novas também compensa o passeio, uma estrada de terra bem conservada, sinuosa e que margeia uma bela montanha calcárea. São sete quilômetros de êxtase, com uma temperatura amena, embora um sol brilhante parecia deixar o céu ainda mais azul.
Falando nisso, é bom lembrarmos do clima, escolhemos o mês de maio por ser este um mês de outono, as chuvas acabaram há pouco tempo, portanto, pouca poeira e o frio ainda não veio com sua força total, portanto, menos bagagem e menos risco de hipotermia. Somando-se a esses dois fatores, está o período de baixa temporada turística, o que favorece os preços de hospedagem e alimentação, tornando a viagem menos dispendiosa e minimizando os riscos de não se encontrar vagas em hotéis e pousadas.
Ao voltarmos pela estrada de Lavras Novas, o bagageiro do Tyrremo não suportou o peso da bagagem e a trepidação e acabou partindo-se. Com os esticadores, aquelas cordinhas elásticas usadas para prender bagagem em motos e bicicletas, o Tyrremo amarrou o bagageiro ao selim de sua bicicleta de forma que este continuou suportando o peso da mochila que pesava quase vinte quilos.
Continuamos a viagem rumo a Ouro Branco, cidade de cerca de 32.000 habitantes, com construções históricas do século XVII, entre elas a igreja Matriz de Santo Antônio que possui em seu interior, pinturas do Mestre Athaíde. É em Ouro Branco que começa a serra do Espinhaço e fizemos longas subidas pela estrada asfaltada e bem conservada que dava acesso à cidade, passamos pela Fazenda Pé do Morro, na qual hoje funciona um hotel a cerca de 2 km da cidade. A cidade possui este nome, de Ouro Branco, devido à presença do metal paládio que tornava o ouro um pouco mais claro. O município teve origem por volta de 1694, quando o bandeirante Miguel Garcia de Almeida Cunha descobriu ouro na serra que ficou conhecida como serra do Deus-te-Livre, quem pedala por ali consegue imaginar o que era a transposição dessa serra na época das bandeiras e fica fácil entender o nome da serra. Está localizada em Ouro Branco a fazenda Carreiras, onde Tiradentes se hospedava durante suas viagens, infelizmente não tivemos tempo de passar por lá, mas fica como dica para quem pretender fazer essa viagem.
A partir dali tomamos o rumo para o Caminho Velho, pegamos a Estrada Real no povoado de Lobo Leite, com sua velha estação de trem e uma igreja antiga na praça, nos informamos com os moradores do lugarejo e iniciamos uma trilha majestosa pela Estrada Real. Seguimos os marcos por serras e vales e cometemos nosso primeiro “perdido”, seguimos direto quando deveríamos ter entrado à esquerda e percorremos de três a quatro quilômetros pela estrada errada, percebemos isso pela ausência dos marcos que indicam a Estrada Real, mesmo assim continuamos a pedalar, na esperança de reencontrarmos a trilha mais à frente.
Avistamos dois homens em um carro e pedimos informações, eles prontamente se dispuseram a nos levar até o entroncamento, e lá fomos nós seguindo o fusquinha morro acima e morro abaixo. Chegamos ao último marco que tínhamos avistado e ele indicava a entrada para a esquerda, seguimos os marcos para não mais errarmos o caminho.
Esses marcos que sinalizam a Estrada Real são de grande importância para a localização do viajante, trata-se de uma espécie de totem de concreto de 2,10 m de altura e que pesa 440 Kg, neles pode-se notar o mapa da Estrada Real, com uma plaqueta vermelha com os dizeres “eu estou aqui” em inglês e Português, uma seta indica no mapa a localização daquele marco, cada marco ainda possui um placa triangular que informa entre outras coisas a distância de um ponto a outro da Estrada Real, as coordenadas geográficas, altitude e informações históricas sobre o lugar. Nas bifurcações, o marco estará sempre do lado em que o viajante deverá seguir para continuar na Estrada Real, por exemplo, se em um entroncamento o marco estiver à esquerda da estrada, indica que o viajante deverá entrar à esquerda no entroncamento. Nas trilhas mais fechadas, um marco dista do outro até mesmo 400 m, em outras estradas, a cada 1000 metros e assim de maneira variável, dependendo das condições que possam levar ao erro de trajeto. Em suma, depois que se percebe isso, fica fácil se conduzir pela Estrada Real.
Ao final da trilha de Lobo Leite, chegamos à cidade de Congonhas, onde completamos o primeiro dia de nossa jornada, nos hospedamos, saímos para comer e fomos fazer uma visita noturna ao Santuário do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, o terceiro Patrimônio Cultural da Humanidade localizado na Estrada Real.
È interessante citar, que o Brasil possui 10 Patrimônios Culturais da Humanidade reconhecidos e nomeados pela UNESCO, três deles estão localizados na Estrada Real, a saber: a cidade de Diamantina, a Cidade de Ouro Preto e o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, na cidade de Congonhas. A cidade de Paraty pleiteia o título desde meados da década de 90, embora ainda não tenha conseguido, os especialistas acreditam que é questão de tempo a cidade ser agraciada com o título.
No Santuário, além das famosíssimas estátuas dos doze profetas esculpidas por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, podemos ver e fotografar os sete passos da paixão de Cristo, esculpidos pelo Aleijadinho em cedro e pintados com cores vivas. São 64 figuras, cada uma, um exemplar raro do barroco mineiro, respeitado e admirado em todo o mundo e que o viajante da Estrada Real não pode deixar de visitar.
No segundo dia de pedaladas, depois de fazermos uma sessão de fotos no Santuário de Congonhas, iniciamos uma pedalada alucinante pela BR 040, a pista não tem acostamento e o trânsito é intenso. São cerca de 4 km de BR-040 que parecem intermináveis. A simples travessia de uma ponte parecia uma aventura arriscada, as carretas passavam a poucos centímetros dos corrimões e tivemos que esperar uma brecha no trânsito de caminhões para podermos cruzá-la.
Saindo da BR- 040, seguimos em direção a Entre Rios de Minas, pretendíamos chegar a São João Del-Rei naquele segundo dia de pedal.
Rodamos cerca de 42 km, passamos por Alto Maranhão, Pequeri, São Brás do Suaçuí e paramos para almoçar em Entre Rios de Minas.
Durante o planejamento da viagem, optei por não consumir carne vermelha, com a finalidade de evitar possíveis problemas com cãibras. Também não é recomendado consumir nenhum tipo de bebida alcoólica para evitar quaisquer tipos de indisposições orgânicas. Com isso acabaria perdendo parte de um dos grandes atrativos da Estrada Real, que é sua gastronomia, porém, não dispensava um frango ao molho, um angu com quiabo entre outros pratos consagrados da culinária mineira.
Pedalar é uma atividade que proporciona grande gasto calórico, e precisávamos consumir muito carboidrato, então, não maneirávamos nas massas nos cereais e em pães. E sempre que podíamos, comíamos doces. Meu companheiro de pedalada levou um verdadeiro empório em sua bagagem, queijos, rapaduras, bananas desidratadas, pães de alto poder calórico, granola e maltodextrina como repositor de sais minerais.
Em longas pedaladas, o corpo perde muitos sais minerais, a água por si só, não consegue repor esses sais minerais, cuja falta pode ocasionar sérios transtornos orgânicos. Além da maltodextrina, levamos soro de reidratação oral que dissolvidos na água, garantem a reposição desses sais minerais. Sempre tínhamos esses repositores nas caramanholas, e, nos camelbacks água mineral.
Falando nisso, é bom lembrarmos do clima, escolhemos o mês de maio por ser este um mês de outono, as chuvas acabaram há pouco tempo, portanto, pouca poeira e o frio ainda não veio com sua força total, portanto, menos bagagem e menos risco de hipotermia. Somando-se a esses dois fatores, está o período de baixa temporada turística, o que favorece os preços de hospedagem e alimentação, tornando a viagem menos dispendiosa e minimizando os riscos de não se encontrar vagas em hotéis e pousadas.
Ao voltarmos pela estrada de Lavras Novas, o bagageiro do Tyrremo não suportou o peso da bagagem e a trepidação e acabou partindo-se. Com os esticadores, aquelas cordinhas elásticas usadas para prender bagagem em motos e bicicletas, o Tyrremo amarrou o bagageiro ao selim de sua bicicleta de forma que este continuou suportando o peso da mochila que pesava quase vinte quilos.
Continuamos a viagem rumo a Ouro Branco, cidade de cerca de 32.000 habitantes, com construções históricas do século XVII, entre elas a igreja Matriz de Santo Antônio que possui em seu interior, pinturas do Mestre Athaíde. É em Ouro Branco que começa a serra do Espinhaço e fizemos longas subidas pela estrada asfaltada e bem conservada que dava acesso à cidade, passamos pela Fazenda Pé do Morro, na qual hoje funciona um hotel a cerca de 2 km da cidade. A cidade possui este nome, de Ouro Branco, devido à presença do metal paládio que tornava o ouro um pouco mais claro. O município teve origem por volta de 1694, quando o bandeirante Miguel Garcia de Almeida Cunha descobriu ouro na serra que ficou conhecida como serra do Deus-te-Livre, quem pedala por ali consegue imaginar o que era a transposição dessa serra na época das bandeiras e fica fácil entender o nome da serra. Está localizada em Ouro Branco a fazenda Carreiras, onde Tiradentes se hospedava durante suas viagens, infelizmente não tivemos tempo de passar por lá, mas fica como dica para quem pretender fazer essa viagem.
A partir dali tomamos o rumo para o Caminho Velho, pegamos a Estrada Real no povoado de Lobo Leite, com sua velha estação de trem e uma igreja antiga na praça, nos informamos com os moradores do lugarejo e iniciamos uma trilha majestosa pela Estrada Real. Seguimos os marcos por serras e vales e cometemos nosso primeiro “perdido”, seguimos direto quando deveríamos ter entrado à esquerda e percorremos de três a quatro quilômetros pela estrada errada, percebemos isso pela ausência dos marcos que indicam a Estrada Real, mesmo assim continuamos a pedalar, na esperança de reencontrarmos a trilha mais à frente.
Avistamos dois homens em um carro e pedimos informações, eles prontamente se dispuseram a nos levar até o entroncamento, e lá fomos nós seguindo o fusquinha morro acima e morro abaixo. Chegamos ao último marco que tínhamos avistado e ele indicava a entrada para a esquerda, seguimos os marcos para não mais errarmos o caminho.
Esses marcos que sinalizam a Estrada Real são de grande importância para a localização do viajante, trata-se de uma espécie de totem de concreto de 2,10 m de altura e que pesa 440 Kg, neles pode-se notar o mapa da Estrada Real, com uma plaqueta vermelha com os dizeres “eu estou aqui” em inglês e Português, uma seta indica no mapa a localização daquele marco, cada marco ainda possui um placa triangular que informa entre outras coisas a distância de um ponto a outro da Estrada Real, as coordenadas geográficas, altitude e informações históricas sobre o lugar. Nas bifurcações, o marco estará sempre do lado em que o viajante deverá seguir para continuar na Estrada Real, por exemplo, se em um entroncamento o marco estiver à esquerda da estrada, indica que o viajante deverá entrar à esquerda no entroncamento. Nas trilhas mais fechadas, um marco dista do outro até mesmo 400 m, em outras estradas, a cada 1000 metros e assim de maneira variável, dependendo das condições que possam levar ao erro de trajeto. Em suma, depois que se percebe isso, fica fácil se conduzir pela Estrada Real.
Ao final da trilha de Lobo Leite, chegamos à cidade de Congonhas, onde completamos o primeiro dia de nossa jornada, nos hospedamos, saímos para comer e fomos fazer uma visita noturna ao Santuário do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, o terceiro Patrimônio Cultural da Humanidade localizado na Estrada Real.
È interessante citar, que o Brasil possui 10 Patrimônios Culturais da Humanidade reconhecidos e nomeados pela UNESCO, três deles estão localizados na Estrada Real, a saber: a cidade de Diamantina, a Cidade de Ouro Preto e o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, na cidade de Congonhas. A cidade de Paraty pleiteia o título desde meados da década de 90, embora ainda não tenha conseguido, os especialistas acreditam que é questão de tempo a cidade ser agraciada com o título.
No Santuário, além das famosíssimas estátuas dos doze profetas esculpidas por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, podemos ver e fotografar os sete passos da paixão de Cristo, esculpidos pelo Aleijadinho em cedro e pintados com cores vivas. São 64 figuras, cada uma, um exemplar raro do barroco mineiro, respeitado e admirado em todo o mundo e que o viajante da Estrada Real não pode deixar de visitar.
No segundo dia de pedaladas, depois de fazermos uma sessão de fotos no Santuário de Congonhas, iniciamos uma pedalada alucinante pela BR 040, a pista não tem acostamento e o trânsito é intenso. São cerca de 4 km de BR-040 que parecem intermináveis. A simples travessia de uma ponte parecia uma aventura arriscada, as carretas passavam a poucos centímetros dos corrimões e tivemos que esperar uma brecha no trânsito de caminhões para podermos cruzá-la.
Saindo da BR- 040, seguimos em direção a Entre Rios de Minas, pretendíamos chegar a São João Del-Rei naquele segundo dia de pedal.
Rodamos cerca de 42 km, passamos por Alto Maranhão, Pequeri, São Brás do Suaçuí e paramos para almoçar em Entre Rios de Minas.
Durante o planejamento da viagem, optei por não consumir carne vermelha, com a finalidade de evitar possíveis problemas com cãibras. Também não é recomendado consumir nenhum tipo de bebida alcoólica para evitar quaisquer tipos de indisposições orgânicas. Com isso acabaria perdendo parte de um dos grandes atrativos da Estrada Real, que é sua gastronomia, porém, não dispensava um frango ao molho, um angu com quiabo entre outros pratos consagrados da culinária mineira.
Pedalar é uma atividade que proporciona grande gasto calórico, e precisávamos consumir muito carboidrato, então, não maneirávamos nas massas nos cereais e em pães. E sempre que podíamos, comíamos doces. Meu companheiro de pedalada levou um verdadeiro empório em sua bagagem, queijos, rapaduras, bananas desidratadas, pães de alto poder calórico, granola e maltodextrina como repositor de sais minerais.
Em longas pedaladas, o corpo perde muitos sais minerais, a água por si só, não consegue repor esses sais minerais, cuja falta pode ocasionar sérios transtornos orgânicos. Além da maltodextrina, levamos soro de reidratação oral que dissolvidos na água, garantem a reposição desses sais minerais. Sempre tínhamos esses repositores nas caramanholas, e, nos camelbacks água mineral.
Um comentário:
Boa tarde amigos da Estrada Real,
Adorei o relato da aventura e revivi em suas linhas tão bem escritas a aventura que fiz de Ouro Preto até Paraty há 2 semanas atrás.
Me diverti ao ler que vocês, assim como nós erramos após Lobo Leite. Aquela virada a esquerda, onde não há totem é difícil acertar, rs.
Comecei a ler o relato pois estou montando o projeto Estrada Real III - Caminho Novo - Ouro Preto até Rio de Janeiro. E estou precisando de informações sobre o caminho, relevo, dicas de hospedagem, etc e tal.
Deixo meu contato e parabéns mais uma vez pela aventura. Show de roda.
Abraços, Ronaldo.
Bikessauros
Varginha - M.G.
www.bikessauros.com.br
ronaldo_figueiredo@yahoo.com.br
Quando tiver um tempo acesso e relato da aventura na estrada real.
http://bikessauros.blogspot.com/2009/05/figueiredos-na-estrada-real-ii-ouro.html
Postar um comentário