quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

CAMINHO DE CORA - 2022




Adaptação do cartaz oficial do Caminho de Cora.



Desta vez fui meio que “Autobrigado” a fazer o Caminho de Cora Coralina, na primeira vez que fiz o percurso, perdemos dois trechos do caminho. Então esta segunda excursão visava em meu caso passar por esses dois trechos.

o link abaixo leva ao relato da viagem de 2019.

http://naturezaepedaladas.blogspot.com/2019/02/ 

Meus companheiros para essa viagem foram o Nacamura e o Rosival. Planejamos essa viagem para fazermos sem uso de barracas, o caminho, na verdade foi concebido para se fazer utilizando pousadas. Mas se quiser fazer com barracas, principalmente os ciclistas  encontrarão boas opções de camping.


                Chegamos a Corumbá de Goiás em um domingo (16 de janeiro), depois de dias de muitas chuvas, o veranico de janeiro já havia chegado. Ficamos hospedados na ótima opção para dormir (Pousada Recanto da Serrinha), por 70,00 por pessoa, optamos por não ter café-da-manhã. O pouso no Salto de Corumbá, não alivia para o caminhante, preços muito altos. Para nós que já conhecíamos o clube não compensava pagar 250,00 por pessoa. A direção do clube poderia pensar em uma taxa de visitação especial para quem está fazendo o caminho de Cora e só está de passagem. Quem não conhece o clube e faz uma visita rápida, com certeza vai voltar e gastar mais dinheiro ali. Mas não dá para pagar 60,00 para visitar o clube e continuar o caminho.



Igreja Nossa Senhora da  Penha de França


Sinos do interior da Igreja de Nossa Senhora da Penha

Pegamos nossos passaportes na pousada, pagamos pelo site e o recebemos em Corumbá de Goiás.

No dia 17 de janeiro em uma segunda-feira iniciamos nosso pedal diretamente do Portal do Caminho que fica próximo à rodoviária da cidade Isso por que já havíamos visitado a igreja de Nossa Senhora da Penha de França, que é o marco inicial do caminho de Cora. A matriz é uma bela igreja do século XVIII, tivemos a sorte de encontra o Sr. José Gonçalves lá, ele era vigia da igreja naquele dia e nos guiou por uma visita até a torre dos sinos e nos contou várias estórias do local.



Nesse trecho até o Salto Corumbá, havia uma ponte caída que não se apresentou como um sério obstáculo, porém se estivesse chovendo e o riacho cheio, poderia oferecer algum perigo.


Paramos na pousada do salto e depois no mirante do Salto de Corumbá, pegamos algumas informações fizemos algumas fotos e continuamos nossa viagem.  A saída do asfalto para voltar para as estradas de terra pode levar à algum erro. Tem que estar atento às marcações, principalmente quem vai de bike que desce mais rápido e pode não ver as marcas do caminho.

Seguimos as marcações e descobri que o caminho sofrera algumas alterações em relação à minha  viagem de 2019. Passamos pela cachoeira do Abade e chegamos até o Ecovilla Caraívas, ali descobrimos que  para irmos ao Parque Estadual da Serra dos Pirineus teríamos que voltar para a estrada do parque, e assim fizemos. Ao chegarmos no ponto de apoio próximo ao pico dos Pirineus, fomos informados de que os parque na segunda-feira está em manutenção.




Voltamos pela estrada e fomos até a cachoeira do Sonrinsal, como era dia de semana, lá estava deserto. Na verdade são várias quedas d´água que formam várias piscinas de água transparente e excelentes para banho. Na saída da Cachoeira do Sonrinsal meu bagageiro quebrou  um dos tubos laterais.


Cachoeiras do Sonrinsal.

 


 


O bagageiro que escolhi para essa viagem segundo o fabricante suporta 25 Kg de carga. Minha carga não chegava a 11Kg e esta era apenas na segunda viagem com ele. Não passou no teste.

Nacamura, amarrou um pedaço de madeira que encontramos na estrada de modo que fez uma sustentação do suporte, conseguiu paralisar o problema. Na chegada à Pirenópolis  o tubo do outro lado entortou e ficou na iminência de quebrar e causar maiores problemas.





Vista da piscina na Pousada Cavalhadas.
Em frente à Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário

A chegada à Pirenópolis  é um singletrack margeando o Rio das Almas, muito gostoso de fazer, o problema fica por conta da exagerada quantidade de cercas que temos que ultrapassar, com bikes carregadas o esforço fica ainda maior.





Devido à hora, não conseguimos consertar o Bagageiro em uma bicicletaria, mas o proprietário nos indicou um torneiro que no dia seguinte preparou duas hastes de ferro para substituir as de alumínio que haviam chegado ao fim.

Não tendo nada mais a fazer naquele dia, fomos obrigados a parar em um bar para fazer a hidratação com o indefectível pão líquido.

 

Preparando um cafezinho no meio do Caminho.

Meus parceiros de pedal optaram por não ir ao Museu Rodas do Tempo embora o Rosival não o conhecesse.  Como já fui lá algumas vezes deixei a decisão por eles. Mas recomendo a visita que atualmente paga-se para visitar 40 reais e no caso de motociclistas paga-se 20,00, acredito que para cicloviajantes também eles deixem por meia- entrada.

Outra dica que acho importante, é que o caminho agora passa dentro do Refúgio Avalon, um local muito agradável que dá pra comer alguma coisa e mesmo se hospedar.

Em Pirenópólis ficamos na pousada Cavalhadas, no centro da cidade, uma boa opção para ciclistas, a pousada tem boa estrutura, com piscina, quartos amplos e limpos, camas boas e ótimo café-da-manhã além de estar muito bem localizada. Pegamos os carimbos nos Passaportes na Cervejaria Santa Dica, ótimo chope e ainda conseguimos um desconto por estarmos fazendo o Caminho de Cora.

A Santa Dica é uma personagem da História do Estado de Goiás, nasceu no pequeno povoado de Lagolândia pertencente ao Município de Pirenópolis, que infelizmente não está no trajeto do Caminho de Cora.

Diz a lenda que ela morreu e ressuscitou-se quando ainda era uma menina. Com isso começou uma peregrinação à sua casa e a mistificação foi crescendo. Ela se tronou uma importante líder religiosa e política naquela região e o Governo temeu que se repetisse a história de Canudos ali naquela região, mais de uma vez, forças do governo foram deslocadas para lá a fim de se desfazer a idolatria.

Segundo  o livro de Adelmo de Carvalho  a santa Dica teria ajudado o governo na revolução constitucionalista de 1932 quando comandou 400 homens . Faleceu em 1970.

 

Saímos de Pirenópolis  depois do almoço em virtude do conserto do bagageiro. Com isso já começamos enfrentando um sol muito forte. Quando nos aproximávamos da Fazenda  Caiçaras começou uma chuva, que veio aliviar o calorão, Passamos pela fazenda que não tinha ninguém, esperávamos carimbar os passaportes ali. Subimos a Serra de Caxambu que exige um grande  esforço físico, com um clima bem ameno.  Quase no alto da serra eu e Nacamura paramos para tirar as capas de chuvas e fazer um lanche. A descida da serra, requereu muito cuidado, havia muitas pedras soltas, muita erosão causada pelas chuvas recentes e árvores derrubadas.










Na casa do Seu Quinzinho, paramos para pegar uma água e tomamos um café. Saímos sem pegar os Carimbos nos passaportes, o que só nos demos conta bem adiante.

NA CASA DO SEU QUINZINHO

A ideia naquele dia era chegarmos até a cidade de São Francisco, distante uns 74 Km de Pirenópolis. Mas devido ao atraso na saída, tivemos que ficar em Radiolândia, o que nos foi uma grata surpresa.  O distrito possuiu hoje duas pousadas, quando fiz em 2019, não havia nenhuma. Ficamos na pousada Jardim das Flores, da simpática Cira, que nos atendeu super bem. A pousada tem ótimas camas, dois banheiros  coletivos e na diária está incluso o jantar  que estava sensacional além do café-da-manhã, a Diária fica por R$ 140,00. Radiolândia já foi conhecida como Rabeia Bode, e possui uma famosa festa de Reis.


COM A CIRA NA POUSADA JARDIM DAS FLORES




Saímos de Radiolândia por volta das 7:00 da manhã e paramos em São Francisco para conhecer as instalações da Pousada Colher de Pau e carimbar os passaportes. E o mais importante trocar uns dois dedos de prosas com o Sr. Onilavir e sua esposa. O Onilavir nos advertiu que íamos gastar umas 3 horas pra subir a Serra do Jaraguá (por traz), e que subiríamos tudo empurrando. Pensei que ele estivesse exagerando, quando fiz o caminho pela primeira vez subimos a serra pela frente, como dizem os moradores, já era difícil, no entanto dava pra fazer a maior parte pedalando.

com Onilavir e família na Pousada Colher-de-pau.

Ferrovia Norte-Sul em Jaraguá-GO.

A entrada para a subida da Serra do Jaraguá seguindo pelo caminho de Cora está logo depois de passar a ponte do Rio Pari à direita. No início, a subida é toda “pedalável”, com pequenos cursos d´água atravessando a estrada.  À medida que vamos nos encantando com o lugar, a serra vai  ficando mais desafiadora, até chegar em uma casa abandonada  Aí, depois disso, a subida é uma verdadeira escalada, em alguns lugares a bicicleta tinha que ser  empurrada barranco acima, só aí entendi por que o Onilavir afirmou categórico que levaríamos três horas pra subir a serra. Deve ter ouvido isso  muitas vezes  de outros ciclistas.

Descanso na Subida da Serra do Jaraguá



O local é muito bonito, mas quem se dispuser a transpor a serra por essa vertente, tem que estar consciente que vai ser bem pesado. Os ciclistas que dormirem em São Francisco vão chegar mais descansados, e o Ideal é subir cedo.


uma das várias pausas na subida da serra.




Neste dia rodamos mais de 65 KM  e chegamos relativamente cedo a Jaraguá, tempo de aproveitar um pouco a piscina do Hotel Boa Vista (100,00 p/p em quarto triplo). A ideia inicial era ficarmos em São Francisco de Goiás e andarmos apenas  38,5 km nesse dia, é uma boa estratégia para subir a serra cedo e fazer um descanso melhor em Jaraguá.




No quarto dia de pedal, saímos rumo à Vila Aparecida (chapeulândia), almoçamos em Itaguari e fomos dormir em São Benedito, ficamos no receptivo da Lindalva (70,00) sem café-da-manhã, lá só possui um quarto grande com 4 camas, as instalações podem não agradar alguém mais exigente, uma opção é percorrer mais 13 km até a cidade de Itaberaí, foi isso que fizemos em 2019, lá é possível ficar em instalações melhores.



No último dia de pedal, acordamos de madrugada, e fomos tomar um café no meio da estrada. O trecho de São Benedito até Calcilândia recomendo fazer bem cedo, par evitar o grande trânsito de caminhões. Um trecho de pouco mais de 22 km que é o menos atraente do caminho. Esse último dia é um dos mais bonitos do caminho, é pra fazer de vagar e apreciando a paisagem.

  

Café na madrugada  - Foto: Rosival


O Caminho de Cora está cada vez mais tomado pelas lavouras, principalmente de soja, a agropecuária ainda é o motor econômico da maior parte das localidades. Cerradões com árvores imensas, matas de galerias formidáveis vem dando lugar às pastagens e plantações, inclusive no topo de serras e colinas. De janeiro de 2019 para cá, vi menos matas e mais lavouras.


Na Pousada Caminho de Cora.

Passamos na Pousada Caminhos de Cora, tomamos um café com os simpáticos funcionários da pousada, passamos pela cruz do Chico Mineiro, em seguida pelas ruínas de Ouro Fino e percorrendo estradinhas com boas descidas e boas subidas, chegamos à localidade de Ferreiro que possui a pequena igreja de São João Batista com construção de 1761, nesta época a exploração já estava em decadência, o ciclo do ouro em Goiás foi de mais ou menos de 1725 a  1770.


RUÍNAS DE OURO FINO

 

Igreja de São João Batista em Ferreiro.
Interior da Igreja de São João Batista.

 


 

Dali em diante o caminho tem sensação de chegada, uma paisagem pitoresca e umas subidinhas  que nos lembram que ainda tem caminho pra trilhar. São cerca de 2,6 km até o asfalto  e mais 3,9 até chegar  na cidade, sendo que boa parte do trecho é a descida do asfalto.







Chegamos à Goiás sob uma chuvinha que foi muito bem vinda, almoçamos no mercado central e só aí fomos fazer turismo.  

A cidade de Goiás também teve suas origens no início do ciclo do ouro, se tornou patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO em 2001, e conjuga muita história, natureza, gastronomia goiana, e, se fizer pedalando ou caminhando a emoção é dobrada.

    


NA CASA DA PONTE


CASA QUE HOJE É O MUSEU DE CORA

UMA VISITA IMPERDÍVEL

CRUZ DO ANHANGUERA



CHAFARIZ DE 1906


DETALHE DO CHAFARIZ DA PRAÇA

IGREJA GÓTICA  DO ROSÁRIO

MUSEU DAS BANDEIRAS




VISTA PARCIAL DO HOTEL VILLA BOA



VISITA À UMA CASA EM RESTAURAÇÃO





IGREJA DE NOSSA SENHORA DA BOA MORTE


OBRAS DO ESCULTOR VEIGA VALLE











Igreja D´Abadia - 1790



INTERIOR DO MUSEU DAS BANDEIRAS





CONVERSA COM DONA DEUSALINA

Antiga Loja Maçônica da Cidade de Goiás.










Palácio Conde dos Arcos
sede do governo até o ano de 1937.




Portada da Catedral de Sant´Ana desde 1743.


































Um comentário:

Eduardo Pharma Flora disse...

Bacana demais seu documentário Rony , servirá de apoio para organizar nossa viagem.