sábado, 7 de julho de 2018







Parafraseando o poeta espanhol Antônio Machado “Caminante, no hay camino. Se hace camino al pedalear”

Percorrer o Caminho de Santiago de Compostela sempre foi um sonho acalentado e postergado,  previa fazê-lo em 2020 até que  um amigo manifestou a vontade de  fazermos em 2017. Acredito que não somos nós quem fazemos os caminhos, mas os caminhos que nos fazem quem somos. Acabou que não deu para fazer essa peregrinação com esse meu amigo e tive que ir só, (mas jamais desacompanhado).

Em junho de 2018, realizei esse sonho, no dia 04 de junho peguei  o avião rumo a Espanha para iniciar a mais famosa rota de peregrinação cristã, o Caminho de Santiago de Compostela.

   
Passei por Lisboa e cheguei à Madri onde peguei um ônibus rumo à estação de Atocha, desci no meio do caminho para passear um pouco por Madri.  Peguei um trem de alta velocidade para Pamplona para em  pouco mais de 3 horas cobrir os quase 400 km  que separam as duas cidades. 

Dormi em Pamplona para no dia seguinte pegar um ônibus para Saint Jean Pied de Port na França, onde começa meu caminho. Para facilitar meu deslocamento e por outras questões logísticas resolvi alugar uma bicicleta na Espanha. Contratei uma Hokchoper da BikeLine por 1.300,00 reais para 16 dias. A bike foi entregue em Saint Jean com alforges, capacete, uma câmara de ar e um kit remendo. Faltou  um canivete de chaves allen.


A caminho de Saint Jean Pied de Port encontrei com o José um espanhol da Galícia que já fez o caminho várias vezes.  Ele se demonstrou apaixonado pelo Caminho de Santiago. O clima estava chuvoso e  muito nublado e ele falou do problema de subir pela trilha da montanha  nessas condições. Mas eu estava disposto a subir pela rota de Napoleão, chamada pelos franceses de Port de Cize.


Como a bicicleta só seria entregue às 16:00 horas aproveitei o tempo para pegar uma nova credencial na oficina dos peregrinos. A recepção é animadora, os voluntários recebem os peregrinos com entusiasmo e respondem pacientemente qualquer pergunta.

 




A fortaleza da cidadela.
Saint Jean Pied de Port é uma antiga cidade que remonta à idade média, sua cidadela murada é o principal testemunho de uma  era  belicosa. A cidadela fortificada é do Século XVII,  mas a cidade de SJPDP foi fundada ainda no século XII.

Para quem resolve fazer o Caminho Francês essa cidade é emblemática. Pensamos nela durante todo o planejamento da viagem e quando chegamos à ela é como se já a conhecêssemos. Já chegamos com  certa intimidade, passamos a chama-la de Saint Jean, andamos pelas ruas com um quê de pertencimento ao local.

Visão parcial de Saint Jean Pied de Port


Em Saint Jean resolvi dormir a primeira noite em um hotel, mas é possível se hospedar nos albergues públicos por 10 euros. Para comer, a melhor pedida é o Menu do Peregrino também variando ao longo do caminho entre 09 e 12 euros, na maioria dos restaurantes 10 euros.

O menu do peregrino varia a cada localidade, sempre composto por algumas opções para primeiro prato, segundo prato e postres (sobremesa) e podendo ser acompanhado por vinho, água e às vezes refrigerante ou suco. (no meu caso, sempre vino). Na maioria dos casos,  bons vinhos e em todos os casos ótima comida. (Nunca sei se minha opinião de boa comida é válida, eu gosto de tudo).

DE SAINT JEAN PIED DE PORT A RONCESVALLE - 27,5 KM

No dia 07 de junho, acordei cedo, mas demorei em me preparar,  tomei um baita café da manhã o “petit-déjeuner renforcé”. (em Saint Jean gastei todo o meu francês, composto de cinco ou seis palavras) e parti rumo à Espanha. Com o mapa dado pela oficina fica fácil achar o ponto de partida. Como o céu estava limpo realizei meu sonho, subir pela rota de Napoleão.

Primeiro trecho asfaltado na subida dos Pirineus.





Uma parada para olhar para trás




Nos primeiro 21 Km a ascensão é de 1.200 metros, alguns lugares uma estreita estrada pavimentada em outros estradas de chão, a subida ainda tem caminhos com muitas pedras, trilhas, gramas e lama, mas sempre com um visual incrível.





Imagem da Virgem de Biakorri na subida do Pirineus




La Croix Thibault


Chegando em Roncesvalle

A Real Colegiata de Santa Maria ao fundo
Pensei em passar direto por Roncesvalle, mas quando vi a Real Colegiata de Santa Maria, decidi ficar. o albergue é em um prédio muito antigo anexo à igreja que foi construída no Século XII e em cujo interior existe uma estátua jazente do rei Sancho o Grande. Um rei que segundo a lenda tinha 2,25m de altura e é um grande herói na Espanha. Na chegada à Colegiata tem um bloco de pedra que homenageia Roldão que em batalha de 778 venceu as tropas de Carlos Magno.
Monumento à Roldão que venceu Carlos Magno em Roncesvalle no ano de 778

Um albergue com 120 camas, muito organizado

Porta da igreja onde é celebrada a Missa dos Peregrinos 




 A recepção é feita por voluntários holandeses, que nos orientam quanto às regras do albergue e nos encaminham às nossas camas.
Os calçados ficam guardados em um local apropriado, não vão aos alojamentos. com 25 euros podemos dormir, jantar o menu do peregrino, e tomar uma café da manhã no dia seguinte. Todos se recolhem às 22 horas.















DE RONCESVALLE A PAMPLONA. -  43 KM (44,6)

Acordar às 06:00 e estar pronto até às 7:00 para rumar à Pamplona, no caminho passamos por belos “pueblos” como Burguete, onde Hemingway gostava de se hospedar, Espinal,  Viscaret Zubiri, Larrasoaña e mais uma série de lugares memoráveis.



 Nesse percurso encontrei o Daniel que oferece alimentos e água aos peregrinos em troca de um donativo, comi um ovo, tomei um café quente, comi algumas frutas e doei  3 euros. 

No povoado de Zabaldica, depois de subir um morro empurrando a bike, me deparei com a igreja de San Esteban construída no século XIII, recebido pela simpática Irmã Pilar, subi as centenárias escadas  até o alto da torre e toquei o sino, que retine por vários segundos depois do toque. 

Pelas ruas de Burguete

Igreja do Século XII em propriedade privada

Mensagens deixadas pelos peregrinos

Igreja de San Esteban onde podemos tocar o sino



Chegando em Pamplona como peregrino pude explorar mais a bela cidade, fundada no ano de 74 a.c a cidade é um monumento por si só, suas muralhas de 1571 construídas por ordem de Felipe II.
A parte moderna da cidade não deixa nada a desejar. Ruas e praças amplas, transporte público impecável, uma cidade que convida ao turismo.






Igreja de San Nicolás

Praça em Pamplona

Um bom lugar para andar de bicicleta




escultura representando a festa de San Firmin.

"Com Pan e vino, se hace el camino"





Igreja de San Lorenzo ao fundo


Um dos vários parques de Pamplona






DE PAMPLONA A  ESTELLA -  48,8 KM
De Pamplona parti rumo a Puente  La Reina, passando por Cizur Menor, subindo o alto do perdão, passando por Uterga, Obanos  e chegando a Puente La Reina.

A saída de Pamplona é bem sinalizada, logo já estamos nas sendas dos peregrinos. A subida do Alto do Perdão é um pouco puxada para quem leva alforges, como o piso estava molhado escorreguei uma duas vezes e terminei de subir empurrando.

Em Puente La Reina, só parei para me aquecer um pouco, neste trecho conheci a chuva mais fria de minha vida, fiz um lanche bem substancioso e segui. O destino daquela etapa era Estella.


A caminho do Alto do Perdão

Escultura em ferro no alto do Perdão


A descida do Alto do Perdão é toda em terreno com seixos rolados
Em Obanos


Em uma manhã chuvosa e fria, uma pausa para um segundo Desayuno 


Em Puente La Reina


A cidade de Estella-Lizarra exige uma pernoite. É lindamente rica em monumentos históricos. As placas da cidade contam sua história, vale a pena parar para ler. Em 1090 o Rei Sancho Ramirez tornou a cidade uma espécie de zona Franca (Asentamiento de francos comerciantes) aqueles que não pagavam impostos por sua atividade econômica. Em cada margem do rio Ega existia um burgo, com leis diferentes, muralhas e torres, até que foram unificadas em 1226, mas até o século passado guardavam seus limites territoriais e seus privilégios históricos.


Convento de Santo Domingo fundado por Teobaldo II em 1.259.

Las calles de Estella-Lizarra

Antigo palácio dos Reis de Navarra - Museu Gustavo de Maeztu

Antigo Ayuntamineto

Escadarias(1968) da Igreja de São Pedro(Século XII).


Benditos sinais
Porta medieval da antiga cidade

Porta da Igreja de San Pedro

Igreja-fortaleza de San Miguel


Interior da Igreja de San Miguel

Porta da Iglesia de San Miguel.


Os campos de trigo da Velha Espanha



Antiga mina d´água do caminho
 DE ESTELLA - A LOGROÑO - 50,5 KM
Saindo de Estella- Lizarra cerca de 03 km existe o mosteiro de Irache, onde há uma fonte com duas torneiras, uma verte água potável e a outra verte vinho. Infelizmente como passei por lá muito cedo na torneira de vinho não saía nada, mas alguns peregrinos me contaram que no dia anterior beberam vinho daquela fonte.

De Estella a meta era Logroño a 49 Km, mas antes passa-se dentre outras localidades por Los Arcos, Sansol, Torres del Rio e Viana.
O caminho é formidável, com muitos trigais, parreirais e muitos campos salpicados com flores de papoula vermelhas. O relevo não é muito difícil, mas gastei 8 horas nesse percurso, a culpa foi da beleza. Impossível não parar para admirar os campos e as cidades.




Porta da Igreja de Santa Maria em Los Arcos





igreja em Viana



Em Viana está o túmulo de César Bórgia, uma das mais fascinantes figuras da história da humana, filho do Papa Alexandre VI, inspirador de "o príncipe"  Maquiavel. Nasceu no mesmo ano que Michelangelo e foi um de seus apoiadores.

Em viana a blocagem da roda traseira se soltou e a roda começou sair, quase estragando o frei à disco, tive que virar a bike e arrumar a roda, o freio ficou pegando um pouco, mas nada grave.

Cheguei em Logroño por volta das 15:00, me hospedei no albergue municipal, fiz minha rotina, lavar roupa e por pra secar, sempre lava à mão, mas em todos os albergues haviam máquinas de lavar e secar com preços que variavam de 2 a 5 euros. Dei uma revisada rápida na bike, lubrificação, apertar parafusos do bagageiro, regulagem do freio etc. deixei a bike e fui passear por Logroño.

Feira em Logroño
Era feriado na cidade e para chegar no albergue tive que atravessar uma multidão imensa. depois de ter feito minha rotina fui almoçar em uma feira no centro histórico, com motivos medievais, havia desfiles de personagens históricos e tendas medievais. comi um sanduíche imenso com caneco de cerveja idem.


Fonte de água




  Conta a lenda que durante um cerco todos os homens foram mortos na batalha e as mulheres assumiram as posições, vestindo as roupas de seus maridos e irmãos.







Homenagem aos peregrinos, tinham esquecido dos cicloperegrinos

Arredores de Logroño Parque de la Grajera

pequenos trechos de trilhas como essas tornam o caminho mais interessante

Imagens de Nájera


Rio Najerilla

A Espanha é o país com maior área de parreirais do mundo

Alguém se lembrou dos bicigrinos.
De Logroño a Santo Domingo de La Calzada- Graõn - 58,5 km,

 passa-se por Navarrete, Ventosa, Nájera, Azofra, Cirueña. Estamos na terra dos vinhos Rioja. ótimos tempranillos e granachas, vinhos verdes,  Jovens, crianza, e reserva. lugar de vinhos bons e de preços justos. Optei por não dormir em Santo Domingo. Busquei um lugar mais tranquilo, encontrei Grañon. Dormi em um albergue que o pagamento era um donativo, "la casa de las sonrisas".  tomei um bom vinho crianza (que não tem nada a ver com criança, se refere à criação) em uma charmosa taverna na qual havia um piano e uma cliente tocou duas músicas lindíssimas.












GRAÑON - TARDAJOS -  61,4 km

Saí de Grañon com uma chuva fina, com a intenção de ficar em Burgos, mas resolvi andar um pouco mais e ficar em Tardajos, outra boa escolha. Burgos é uma cidade muito bonita com toda infraestrutura, inclusive pelo menos uma boa "taller de bicicleta" para dar uma manutenção. Mas como o percurso do dia seguinte é classificado como pesado, não vi mal algum em avançar um pouco mais. (6,5 km).

É importante ressaltar que quando os guias classificam os trechos, como pesado, muito pesado, tranquilo ou médio, eles estão pensando primeiramente nos caminhantes. Para os ciclistas é mais fácil.

  
Interior da igreja de Tardajos- comandada pelo Padre Gúzman


Em Grañon  fiquei novamente em um albergue que não cobra a cama, quartos com poucas beliches, tudo muito limpo e organizado como em todos os albergues que fiquei, ótimos chuveiros e rigorosos com os horários. O pagamento é feito por um donativo,  tomei um vinho com o hospitaleiro Xavier e seu  amigo também Xavier, me deram uma aula sobre vinhos espanhóis. Nos acompanhou o simpático Hiroshi um Japonês de Hamamatsu que já morou no México, Hiroshi  de uns 65 anos estava fazendo o caminho à pé.


Chegando em Castrojeriz

campos repletos de papoulas 

Aqui tem uma subidinha boa pra matar a saudade das montanhas


DE TARDAJOS A CARRIÓN DE LOS CONDES - 74,7 Km.
Passando por Hornillos del Camino, Arroyo Sambol, Hontanas, Santo Antón, Castrojeriz, Itero de la Vega, Boadilla del Camino, Frómista, Poblacíon de Campos, Villarmentero de Campos, Villalcázar de Sirga.

Um trecho pra fazer sem pressa, a paisagem é belíssima, aliada ao clima ameno e a beleza das localidades.

Pega-se uns trechos asfaltados, os carros como em toda a Espanha são muito cuidadosos com os ciclistas, havia casos em que eu encostava e parava para que eles me ultrapassassem, se eu não fizesse isso eles não ultrapassavam mesmo havendo espaço.





Hospital de Peregrinos no meio do caminho


Canais de Frómista.


Ermita de San Miguel

Bike em descanso no albergue Santa Clara.


Praça em Carrión de los Condes

As cegonhas utilizam, postes, torres de sino e ruínas  para fazerem seus ninhos





De CARRIÓN DE LOS CONDES A  LEÓN -  96,3 Km

Passando por – Abadia de Benevivere, Calzadilla de la Cueza,  Antigo Hospital de Santa Maria de las Tiendas, Ledigos, Terradillos de los templários, Sahagún, Calzada de l coto,  Bercianos, El Burgo Ranero, Reliegos, Mansilla de Las Mullas, Villarente, Arcabueja dentre várias outras localidades.


Muralha de León
 León fundada  no século I a.c pela legião romana Légio VI é uma cidade que conserva suas muralhas e preserva a memória de sus heróis.


Interior da Catedral de León
 Uma preciosidade do Caminho de Santiago de Compostela é a Catedral de León.


Catedral de León



 Ponte Românica em Hospital de  Orbigo
Alguns dias antes houve um festival em que foram apresentados torneios de justas, como os antigos cavaleiros da idade média. do lado esquerdo da ponte estava a pista.













 Depois de uma subida muito forte sobre o sol escaldante, eu com poucos euros na bagagem, jurei que tomaria um iogurte em uma padaria. Eis o que aparece no alto do morro. Uma barraca com frutas, sucos, ovos cozidos, pães, café...e iogurte. o Pagamento, um regalo, coloquei lá meus últimos 02 euros da carteira.



DE LEÓN A  ASTORGA – 46,8 Km (6,8km)
Passando por – Virgen del Camino,  Valverde de la Virgen;  San Miguel del Camino, Villadangos del Páramo, San Martin del Camino, Hospital de Orbigo, dentre outros;
Astorga é outra cidade muito aprazível, boa comida, bom vinho, albergue confortável e muita história.

 Em Astorga, esse castelo projetado por Antônio Gaudi, também se destaca ao lado da catedral.
Portada da catedral de Astorga


DE ASTORGA-PONFERRADA-COLUMBRIANOS  - 62,8 km

Passando por Cruz de fero, Riego de Ambros, Molina Seca e Ponferrada, Gostei muito desse trecho. Aqui peguei uns trechos de rodovia principalmente para fazer uma descida incrível rumo à Molina Seca. Ponferrada é o grande destaque, uma cidade belíssima com um castelo medieval muito bem restaurado. Dormi em Columbrianos, uma cidade alguns quilômetro de Ponferrada em um albergue privado,.
Pegando um pouco de asfalto para chegar em Ponferrada


Castelo Templário em Ponferrada


De COLUMBRIANOS A HOSPITAL DE LA CONDESSA- 57 KM.



Passando por Cacabelos, Villafranca del Bierzo, Trabadelo, Veja de Valcare, O Cebreiro, e muitos outros povoados e cidades. Esse é considerado um trecho difícil, principalmente para quem vai à pé. Para bike é um belo passeio. O número de caminhantes é muito grande, em muitos momentos os ciclistas tem que ir muito devagar. Minha bicicleta não tinha o “timbre” e eu tinha que pedir licença verbalmente para passar, o que se torna meio cansativo. Mas pelo menos vemos muita gente pelo caminho.



A subida do Cebreiro assusta muita gente, vi quase todos os ciclistas subirem pelo asfalto, pela trilha só havia um outro cicloperegrino solitário e eu. Nos encontramos em vários momentos pelo caminho, no entanto, não descobri seu nome nem nacionalidade.
A trilha é pesada, ascensão de 790m em 13 km,  mas é muito boa de fazer, o visual é incrível. O Cebreiro possui uma igreja que fazia parte de um mosteiro de 1072. Naquele dia o Brasil estreava na copa do mundo de  2018. Eu decidi andar mais um pouco e chegar em um pequeno povoado, Hospital de la Condessa. dormi no albergue da Xunta de Galicia com somente 20 camas. no restaurante da localidade, comi de sobremesa a melhor Tarta de Santiago do Caminho.
Igreja de Santa Maria la Real do Cebreiro



De HOSPITAL DE LA CONDESSA A PORTOMARIM – 59,5 (63,6)

Igreja de San Nicolás em Portomarín - século XII/XIII

 PASSANDO POR: Tricastela, Sarria, Barbadelo, Ferreiros. Um caminho com relevo desafiante, muito sombreado perfeito pra pedalar. Em Sarria muitos peregrinos começam sua jornada, faltam apenas 111 Km para se chegar em Santiago. Por isso o caminho fica ainda mais cheio de peregrinos.  Por isso esse trecho tem muitos peregrinos “amadores” muitos sem a bagagem típica, muitos que não retribuem o “Buen caminho”, um francês ficou de cara feia porque acordei no Albergue às 06:30, o dia em que levantei mais tarde. Um trecho lindo, mas onde muitos estão atrás apenas da Compostela, o certificado de que se fez o caminho. É muito fácil reconhecer aqueles que estão peregrinando e aqueles que estão apenas atrás de um certificado. Mas para todos os tipos de peregrinos  existem mil caminhos diferentes.

DE PORTOMARÍN A ARZUA -  54 kM - (62 kM)
Passando por Ventas de Naron, Ligonde, Palas del Rey, cazanova, Melide, Ribadiso entre outros.

DE ARZUA A SANTIAGO DE COMPOSTELA - 42 km.

O fim da viagem mexe com todo mundo, adiantei um dia para ficar mais tempo na cidade de Santiago e não arrependi, é uma bela cidade, muito maior do que eu pensava. Tem uma parte histórica magnífica e um centro comercial respeitável. Muita área verde e a praça da Catedral de Santiago, monumental. Assistir à missa ali tem um sentido especial até mesmo para quem não é cristão.

Entre os pontos de partida e chegada, foram 795,3 Km rodados, no entanto, somando-se os desvios para conhecer alguns pontos, os erros e consertos de rotas, foram rodados 826,8 Km.
Dormindo apenas em albergues e comendo o menu peregrino, dá para viver com 30 euros por dia muito fácil. Por vários dias gastei 20 euros dia.

O que eu faria diferente: faria ainda mais de vagar, pararia mais, faria mais lanches nas matas, bosques e beiras de riachos. Reservaria dois dias pra ir e voltar em Finisterra (o antigo fim da terra) antes de Colombo.

Alugar a Bike: existem serviços a partir de 1300,00 reais, em alguns casos há opção de compra da bicicleta, o que pode ser bem mais barato do que comprar um bicicleta aqui no Brasil.
Para quem vai usar vários modais de transporte, avião, trem, ônibus, transporte coletivo, metrô, etc. alugar uma bicicleta que será entregue no exato local em que se começará a viagem e devolvida ao fim da viagem é uma boa. Alguns ônibus e transporte coletivo não carregam bike. Nos trens não há garantia de transportar as bicicletas. Enfim, alugar uma bike é sempre uma boa opção, principalmente para aqueles que não querem colocar suas magrelas em risco ou precisam se locomover entre uma cidade à outra com mais rapidez antes de começar a pedalar.


Monumento no monte do Gozo. Tem esse nome por que daqui já se avista a cidade de  Santiago.
Retábulo da Catedral de Santiago
Interior da Catedral
Mosteiro ao lado do Albergue Seminário Menor.

A Catedral ao fundo, aqui é emocionante ver os peregrinos se emocionarem.
















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