sábado, 3 de fevereiro de 2018


TRILHA VERDE DA MARIA FUMAÇA E BIRIBIRI

DE DIAMANTINA A MONJOLOS  - MG












 CLICANDO NAS IMAGENS ELAS SERÃO AMPLIADAS













Em frente à casa de Juscelino Kubitschek


A Trilha Verde da Maria Fumaça entre Diamantina e Curvelo é o resquício da antiga estrada férrea Corinto-Diamantina, que funcionou de 1914 a 1973. Somente a partir de 2000, que pessoas empenhadas em recuperar a história do lugar resgataram o uso  do caminho, Colateralmente criaram  um “playground” para ciclistas.
Em frente à pousada Seresta 

O projeto inicial da trilha envolve um trecho de cerca de 100 Km entre Diamantina e Monjolos, naturalmente uma ciclopedalada roda mais  que isso, em virtude das visitas às cachoeira e outros pontos de interesse, nossa pedalada por exemplo superou os 132 Km de trilha verde, fora os 36 do percurso de ida e volta do Biribiri.

O interessante é que por ser uma linha férrea, o trecho não possui muita variação de altitude, o que possibilita certa facilidade para percorrê-lo, no entanto, não se pode menosprezar a trilha quanto ao grau de esforço físico. O percurso exige um esforço considerável, uma vez que atravessa trechos de areia espessa, lama e pedras. Apesar de ser quase sempre plano exige um giro constante.

A Trilha se contorce prazerosamente pela serra do espinhaço, no circuito dos Diamantes, e acaricia uma paisagem singular, as inúmeras paradas para fotos e apreciação do visual são inevitáveis.

Essa Cicloviagem foi realizada entre os dias 25 e 28 de janeiro de 2018 por sete ciclistas, o casal Eliana e Tirremo, Gilberto Cabeleira, Bruno Castro, Breno, Eduardo e eu.



No primeiro dia rodamos os 600 Km que separam Unaí da cidade de Diamantina – MG, para isso usamos o Kombão do Cabeleira, a Casca Grossa Turismo. Chegamos em Diamantina por volta das 14:00, e aproximadamente às 16:00 horas (horário de verão), saímos rumo ao Parque Estadual do Biribiri, estimados 17Km de Diamantina.

O percurso para o Parque Estadual, por si só já é um passeio esplêndido. Já nos primeiros quilômetros, paramos para uma visita ao Poço Brilhante, um momento para começar a sentir a energia de Diamantina.
Vista ao Poço Brilhante -foto Eliana Costa

Um aperitivo antes de chegar nas cachoeiras- foto Eliana Costa





As descidas são animadoras mas já anunciavam os aclives da volta à Diamantina. Depois de percorremos  cerca de  7 Km a partir da entrada do parque chegamos à cachoeira Sentinela, de águas límpidas e temperatura agradável, nos deliciamos em suas águas esquecendo um pouco do tempo.


na cachoeira Sentinela -foto Eliana Costa

Cachoeira Sentinela - por Rony Camargos


Próximo à cachoeira Sentinela, existe um paredão de rocha calcária com um riquíssimo acervo de figuras rupestres.

Continuamos pelo belo caminho até o entroncamento para a cachoeira dos Cristais, o sol já ia baixo e surgiu a indecisão, ir para cachoeira? ou ir direto para a Vila do Biribiri? Alguns opinaram para irmos pra vila, talvez por  eu ter feito muita propaganda das cervejas artesanais de Diamantina. Mas aí chegou a Eliana e com seu toque feminino acabou com o impasse, vamos pra cachoeira  primeiro.

 A placa de madeira indica uma distância de 1 Km, mas na verdade são 2Km, um desconto de 50% pra animar os que chegam ali cansados. Antes da cachoeira, temos que atravessar a ponte dos Ingleses. Trata-se das ruínas de uma antiga ponte que era utilizada no auge da indústria de tecidos do Biribiri. A julgar pela qualidade da estrutura, devia ser muito utilizada na época.

Ponte dos Ingleses - Foto Eliana Costa
Cachoeira dos Cristais  - Foto Eliana Costa

A cachoeira é um espetáculo, com sua queda volumosa e uma piscina profunda e de água fria é o refrigério que faltava. Sair da cachoeira foi uma dificuldade, nossos novos parceiros de pedaladas Breno e Eduardo são tão aquáticos quanto Bruno e eu, era preciso a Eliana ordenar a saída.



Cachoeira dos Cristais- por Rony Camargos




Da cachoeira dos Cristais até a vila do Biribiri são aproximadamente 3Km, chegamos na Vila e todos os que não conheciam ficaram admirados com a beleza pitoresca da antiga vila que fora um importante pólo de produção de tecidos no final do século XIX.

Entrada do parque do Biribiri

Antiga Igreja do século XIX.

Já na chegada o Gilbeto se encontrou com um casal de amigos dele, a Patrícia e o Fábio depois de rápida conversa, nos dirigimos para experimentarmos as cervejas artesanais. Capistrana daqui, Barroca dalí, Diamantina acolá e já estava todo mundo alegre, apesar do Breno que não bebe cerveja, não ter visto graça nenhuma na Red Ale Diamantina.





Foto Eliana Costa

Na saída, constatamos que o tubeless do Bruno estava danificado, Breno consertou o pneu  colocando uma câmara de ar enquanto Bruno afirmava que não usaria mais Tubeless. Das nossas bicicletas, três utilizavam Tubeless, e quatro usavam câmaras de ar.


Chegamos na pousada por volta das 22:00 e ainda saímos para jantar e ver um pouco da noite Diamantinense. No dia seguinte começaria a Trilha Verde da Maria Fumaça.

A manhã de sexta-feira dia 26 de janeiro, amanheceu com um  céu um pouco nublado, mas logo o sol apareceu vigoroso, era o veranico de janeiro. É bom lembrar que a trilha verde, em épocas de chuvas tem alguns pontos alagáveis, o que pode oferecer um perigo considerável.

Não tivemos muita dificuldade para achar o início da trilha, ela margeia a BR 367, perguntamos para algumas pessoas e a maioria sabe indicar o início da trilha da antiga Maria Fumaça.

Já nos primeiros quilômetros vislumbramos os campos rupestres característicos daquela região, o tipo de vegetação que impressionou positivamente os naturalistas bávaros, Spix e Von Marthius, quando passaram por ali no início do século XIX.



Atravessando campos rupestres
A trilha segue um percurso bem definido, quase plano e nesse início sem muitos obstáculos, dá pra pedalar em um bom ritmo que só é quebrado para a apreciação do ambiente. Foi assim o dia todo, passamos por Bandeirinha 16,6 Km e depois de mais 10 Km, o povoado de Barão do Guaicuí. Chegamos à antiga estação de trem e de lá fomos a procura de  um almoço. Encontramos a simpática Nice, que também gosta de pedalar e é uma espécie de relações públicas de Barão do Guaicuí, tem um repertório variado de histórias locais. Encomendamos o almoço - 15,00 por pessoa na Hospedaria da Nice - Trem Arrumado, (38)98801-2376  e fomos para a cachoeira do Barão, uma queda d´água de uns 8 metros de altura com uma piscina de uns três metros de profundidade, ali esquecíamos que estávamos pedalando e logo vieram avisar que o almoço estava pronto.

Neste povoado é possível se hospedar e tem outras opções de restaurante, essa trilha está cada vez mais procurada por caminhantes.
Na antiga estação de Trem


Cachoeira do Barão



Restaurante Trem Arrumado

Com a Dona Nice.

Depois do almoço seguimos a velha trilha verde, passamos pelo antigo pontilhão de ferro, logo a frente chegamos à localidade chamada Mendes, um pequeno aglomerado de casas, encontramos o Pinga-fogo, que contou ao Gilberto que trabalha na coleta de sempre-vivas e que as vende por 20,00 o quilo.

Sempre é bom lembrarmo que essa região do vale do Jequitinhonha, além de ser linda, ainda rica em minerais, ter uma história riquíssima e no entanto ainda é uma região pobre e com muita gente sofrida, vemos brasileiros honestos e trabalhadores, crianças lindas e comunicativas, todos esquecidos pelos políticos pilantras.



Pontilhão de ferro adaptado para pedestres- por Rony Camargos



Pinga-fogo morador de Mendes e coletor de Sempre-vivas







Logo depois nos deparamos com a bela cachoeira do Tombador que está a meio caminho de Conselheiro Mata, também ótima para banho, formada por três quedas d´água. Antes dela passei por uma cachoeira que não soubemos o nome, que fica um pouco retirada da estrada.

Cachoeira antes do Tombador

Vista parcial da Cachoeira do Tombador

uma das três quedas da cachoeira


Cumulus Nimbus escureciam o céu, resolvemos apertar o passo, chagamos em Conselheiro Mata já tarde. Neste percurso, o pneu traseiro da Bike do Bruno rasgou, e não havíamos levado um reserva.


Como não havíamos reservado pousada e tínhamos ainda que arrumar um meio de buscar a  Kombi Casca Grossa. Procuramos primeiro na tradicional Pousada do Kussu (38) 99957 0572 -www.pousadadokussu.com.br  hoje administrada pelo filho Márcio, diárias de 50,00 por pessoa com café da manhã. Mas os quartos com banheiros já estavam ocupados. Procuramos na Pousada da Andréia, mas estava lotada, fomos ajudados pelo gerente da Andréia, o José, que nos indicou um senhor que nos alugou um alojamento por R$ 35,00 por pessoa com várias camas de solteiro, banheiro e cozinha. E um quarto de casal pra Eliana e Tirremo.




Estação de Conselheiro Mata

Ao fundo o bar e restaurante do Kussu

Casario em Conselheiro Mata



O Gilberto e o Bruno voltaram para Diamantina para buscar o Kombão e comprar um pneu novo, alugaram uma moto de outro filho do Kussu e enfrentaram 48 Km de estrada difícil até Diamantina. Já era noite, mas tínhamos o contado do Sérgio da Radical Bike e ele vendeu o pneu para o Bruno. Chegaram de volta a Conselheiro Mata por volta de 1h da madrugada de sábado trazendo a moto na Kombi. 


Saindo para buscar o Kombão

Chegando de Diamantina










No sábado de Manhã, saímos para a cachoeira do Telésforo distante 17 Km do povoado, taxa de  visitação 10,00 por pessoa. O Tirremo levou o carvão no bagageiro, o Gilberto a cerveja no guidão, o Breno levou a carne na mochila. E assim se faz um "ciclochurrasco".




A cachoeira do Telésforo é uma preciosidade da trilha verde da Maria Fumaça. Uma imensidão de praia de areia branca com a cachoeira ao fundo. Vários locais para banho com profundidades diversas. A cachoeira é enorme e cai em cascata em uma piscina profunda e com águas escurecidas pelo tanino de folhas.
Cachoeira do Telésforo







A cachoeira hoje não possui infraestrutura para receber turistas, mas isso é temporário, o Marcio está construindo um restaurante no local.

O Kussu nos contou que “aquele areal é de cerca de uns 35 a 40 anos pra cá”, conseqüência do garimpo do diamante. Inclusive o nome Telésforo é em homenagem a um Alemão que garimpou por ali há muitos anos.

Chegamos de volta a Conselheiro Mata a tempo de visitar a Cachoeira das Fadas a 1,5 km do centro do distrito. É uma bela queda de cerca de 30 m com uma piscina verde e profunda. Nesta época do ano as melhores horas para banho são entre 12:00 e 16:00. Próximo ao Distrito ainda tem várias cachoeiras que não tivemos tempo de visitar.

Cachoeira das Fadas


Em relação a refeições, vimos em Conselheiro Mata além do bar e restaurante do Kussu, o restaurante da Andréia 20,00 por pessoa, outro restaurante antes da ponte, 12,00 por pessoa e um mercadinho que serve também como um bar.






No domingo o Márcio gentilmente se levantou mais cedo e nos serviu um bom café da manhã, e então saímos em direção a Monjolos, voltamos para trilha do ponto em que paramos no dia anterior e fizemos um ótimo passeio.

foto Gilberto


A trilha começa como uma estrada, e depois do templo Agharty que é um resort devocional muito bonito, volta a ser uma trilha majestosa, plana, margeando precipícios, em alguns lugares uma cerca de madeira em outros o espaço aberto.  Há um ponto nessa trilha que oferece perigo, o capim alto e as rodas das bikes passam muito perto da borda do despenhadeiro, alguns de nossos colegas falaram que nem perceberam esse perigo.
   
CAMINHO PARA MONJOLOS
Mirante foto Gilberto

foto Gilberto

Cachoeira dos Três Desejos



Estação de Rodeador




Passamos por uma fazenda que aproveitou algumas casas da época da ferrovia. Depois desse local, a trilha continua bem pedregosa e alguns quilômetros adiante se abre em uma estrada. Chegamos em um ponto em que a trilha acaba, atravessamos uma área de pastagens e pegamos a estrada mais à frente em direção à Monjolos. Nesse último trecho passamos próximos à entrada da cachoeira do Palmito, não havia placas, então perdemos a oportunidade de visita-la.





Chegando a Monjolos, fomos agraciados com a chuva que desde o início da pedalada nos espreitava e só se deixou cair no último dia. Quando chegamos à cidade já não chovia e pudemos nadar nas águas tépidas do rio Pardo Pequeno.



Rio Pardo Pequeno ao fundo: foto Gilberto







Sem pneu furado não é viagem



Estação de Monjolos

Cachoeira Sentinela

Dos Cristais


Dicas: um pneu reserva seria uma boa.
Assim como cabos e outras peças sobressalentes, oficina só em Diamantina.
Um bom  condicionamento físico ajuda, mas se não estiver tão em forma não é empecilho para fazer a trilha;
Se for em feriados é bom fazer reservas, a disponibilidade de hospedagem é bem limitada.
Evite épocas de muita chuva, há vários trechos alagáveis.
Leve dinheiro, pois não é em todo lugar que aceita cartões.
Leve câmara Fotográfica.

Ótimo pedal a todos  e bom caminho. 


O PARQUE ESTADUAL E A VILA DO BIRIBIRI.
Vista da vila do Biribiri - por Rony Camargos

Fundada em 1876 pelo Bispo Dom João  Antônio  dos Santos para ser uma fábrica de tecidos, a vila hoje pertence à empresa têxtil Estamparia S/A que conserva esse patrimônio cultural.

A vila está inserida no Parque Estadual que possui 16.998 hectares é cortado pelos rios Biribiri, pelo Pinheiros e pelo ribeirão Sentinela entre outros. O parque possui vários atrativos, como a antiga usina geradora de energia elétrica, um mural com figuras rupestres, pontes antigas, cachoeiras e piscinas naturais e principalmente, a vila propriamente dita, com suas casas pintadas de branco de azul e seu amplo pátio gramado.

Existe uma pousada na vila com preços justos e dois bares e restaurantes que servem boa comida e vários tipos de cervejas, inclusive as artesanais locais.

Para quem gosta de pedalar e caminhar, tem ótimos percursos para  fazer. De bicicleta dá pra fazer uma trilha que começa na entrada do Parque e sai perto da cachoeira sentinela, dá pra fazer um percurso em estradões e pequenas trilhas até a comunidade de Pinheiros, passando pela ponte que é ótima para banho.



Cachoeira dos Cristais - por Rony Camargos

Paredão calcário com pinturas rupestres- por Rony Camargos 






Figura Rupestre no Parque Estadual do Biribiri





5 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Não tava junto,mas viajei em pensamentos.

Unknown disse...

Muito bom ,rapaz, o Brasil, e especificamente Minas Gerais são tão bonitos , e com lugares desconhecidos pela imensa maioria... Excelente relato, um dia quem sabe visito esses locais.

Unknown disse...

Show de viagem!!
Fotos lindissimas!
Parabéns queridos amigos!!
Com certeza a viagem foi maravilhosa.
Adorei o o relato, grande amigo Rony.
Abraço a todos!

RONY CAMARGOS disse...

Obrigado pessoal, a Ana ainda é grande pedalante, o José Camargo já pedalou muito comigo e o Victor, ainda vai tomar amores pelo pedal.
Um abraço a todos.