Parafraseando o poeta espanhol
Antônio Machado “Caminante, no hay camino. Se hace camino al pedalear”
Percorrer o Caminho de Santiago
de Compostela sempre foi um sonho acalentado e postergado, previa fazê-lo em 2020 até que um amigo manifestou a vontade de fazermos em 2017. Acredito que não somos nós quem fazemos os caminhos, mas os caminhos que nos fazem
quem somos. Acabou que não deu para fazer essa peregrinação com esse meu amigo
e tive que ir só, (mas jamais desacompanhado).
Em junho de 2018, realizei esse sonho,
no dia 04 de junho peguei o avião rumo a
Espanha para iniciar a mais famosa rota de peregrinação cristã, o Caminho de
Santiago de Compostela.
Passei por Lisboa e cheguei à Madri onde peguei um ônibus rumo à estação de Atocha, desci no meio do caminho para passear um pouco por Madri. Peguei um trem de alta velocidade para Pamplona para em pouco mais de 3 horas cobrir os quase 400 km que separam as duas cidades.
Dormi em Pamplona para no dia
seguinte pegar um ônibus para Saint Jean Pied de Port na França, onde começa
meu caminho. Para facilitar meu deslocamento e por outras questões logísticas
resolvi alugar uma bicicleta na Espanha. Contratei uma Hokchoper da BikeLine
por 1.300,00 reais para 16 dias. A bike foi entregue em Saint Jean com alforges,
capacete, uma câmara de ar e um kit remendo. Faltou um canivete de
chaves allen.
A caminho de Saint Jean Pied de Port encontrei com o José um espanhol da Galícia que já fez o caminho várias vezes. Ele se demonstrou apaixonado pelo Caminho de Santiago. O clima estava chuvoso e muito nublado e ele falou do problema de subir pela trilha da montanha nessas condições. Mas eu estava disposto a subir pela rota de Napoleão, chamada pelos franceses de
Port de Cize.
Como a bicicleta só seria
entregue às 16:00 horas aproveitei o tempo para pegar uma nova credencial na
oficina dos peregrinos. A recepção é animadora, os voluntários recebem os
peregrinos com entusiasmo e respondem pacientemente qualquer pergunta.
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A fortaleza da cidadela. |
Saint Jean Pied de Port é uma
antiga cidade que remonta à idade média, sua cidadela murada é o principal
testemunho de uma era belicosa. A cidadela fortificada é do Século XVII, mas a cidade de SJPDP foi fundada ainda no século
XII.
Para quem resolve fazer o Caminho Francês essa cidade é emblemática. Pensamos nela durante todo o planejamento da viagem
e quando chegamos à ela é como se já a conhecêssemos. Já chegamos com certa intimidade, passamos a chama-la de Saint
Jean, andamos pelas ruas com um quê de pertencimento ao local.
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Visão parcial de Saint Jean Pied de Port |
Em Saint Jean resolvi dormir a
primeira noite em um hotel, mas é possível se hospedar nos albergues públicos
por 10 euros. Para comer, a melhor pedida é o Menu do Peregrino também variando
ao longo do caminho entre 09 e 12 euros, na maioria dos restaurantes 10 euros.
O menu do peregrino varia a cada localidade, sempre composto por algumas opções para primeiro prato, segundo prato e postres (sobremesa) e podendo ser acompanhado
por vinho, água e às vezes refrigerante ou suco. (no meu caso, sempre vino). Na
maioria dos casos, bons vinhos e em
todos os casos ótima comida. (Nunca sei se minha opinião de boa comida é
válida, eu gosto de tudo).
DE SAINT JEAN PIED DE PORT A RONCESVALLE - 27,5 KM
No dia 07 de junho, acordei cedo,
mas demorei em me preparar, tomei um baita
café da manhã o “petit-déjeuner renforcé”. (em Saint Jean gastei todo o meu
francês, composto de cinco ou seis palavras) e parti rumo à Espanha. Com o mapa
dado pela oficina fica fácil achar o ponto de partida. Como o céu estava limpo
realizei meu sonho, subir pela rota de Napoleão.
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Primeiro trecho asfaltado na subida dos Pirineus. |
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Uma parada para olhar para trás |
Nos primeiro 21 Km a ascensão é
de 1.200 metros, alguns lugares uma estreita estrada pavimentada em outros
estradas de chão, a subida ainda tem caminhos com muitas pedras, trilhas, gramas e lama, mas sempre com um
visual incrível.
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Imagem da Virgem de Biakorri na subida do Pirineus |
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La Croix Thibault |
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Chegando em Roncesvalle |
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A Real Colegiata de Santa Maria ao fundo |
Pensei em passar direto por Roncesvalle, mas quando vi a Real Colegiata de Santa Maria, decidi ficar. o albergue é em um prédio muito antigo anexo à igreja que foi construída no Século XII e em cujo interior existe uma estátua jazente do rei Sancho o Grande. Um rei que segundo a lenda tinha 2,25m de altura e é um grande herói na Espanha. Na chegada à Colegiata tem um bloco de pedra que homenageia Roldão que em batalha de 778 venceu as tropas de Carlos Magno.
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Monumento à Roldão que venceu Carlos Magno em Roncesvalle no ano de 778 |
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Um albergue com 120 camas, muito organizado |
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Porta da igreja onde é celebrada a Missa dos Peregrinos |
A recepção é feita por voluntários holandeses, que nos orientam quanto às regras do albergue e nos encaminham às nossas camas.
Os calçados ficam guardados em um local apropriado, não vão aos alojamentos. com 25 euros podemos dormir, jantar o menu do peregrino, e tomar uma café da manhã no dia seguinte. Todos se recolhem às 22 horas.
DE RONCESVALLE A PAMPLONA. - 43 KM (44,6)
Acordar às 06:00 e estar pronto
até às 7:00 para rumar à Pamplona, no caminho passamos por belos “pueblos” como
Burguete, onde Hemingway gostava de se hospedar, Espinal, Viscaret Zubiri, Larrasoaña e mais uma série
de lugares memoráveis.
Nesse percurso encontrei o Daniel que oferece alimentos
e água aos peregrinos em troca de um donativo, comi um ovo, tomei um café quente,
comi algumas frutas e doei 3 euros.
No
povoado de Zabaldica, depois de subir um morro empurrando a bike, me deparei
com a igreja de San Esteban construída no século XIII, recebido pela simpática
Irmã Pilar, subi as centenárias escadas até o alto da torre e toquei o sino, que
retine por vários segundos depois do toque.
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Pelas ruas de Burguete |
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Igreja do Século XII em propriedade privada |
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Mensagens deixadas pelos peregrinos |
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Igreja de San Esteban onde podemos tocar o sino |
Chegando em Pamplona como peregrino
pude explorar mais a bela cidade, fundada no ano de 74 a.c a cidade é um
monumento por si só, suas muralhas de 1571 construídas por ordem de Felipe II.
A parte moderna da cidade não deixa nada a desejar. Ruas e praças amplas, transporte público impecável, uma cidade que convida ao turismo.
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Igreja de San Nicolás |
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Praça em Pamplona |
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Um bom lugar para andar de bicicleta |
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escultura representando a festa de San Firmin. |
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"Com Pan e vino, se hace el camino" |
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Igreja de San Lorenzo ao fundo |
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Um dos vários parques de Pamplona |
DE PAMPLONA A ESTELLA - 48,8 KM
De Pamplona parti rumo a Puente La Reina, passando por Cizur Menor, subindo o
alto do perdão, passando por Uterga, Obanos
e chegando a Puente La Reina.
A saída de Pamplona é bem
sinalizada, logo já estamos nas sendas dos peregrinos. A subida do Alto do Perdão é um pouco puxada para quem leva alforges, como o piso estava molhado escorreguei uma duas vezes e terminei de subir empurrando.
Em Puente La Reina, só parei para me aquecer um pouco, neste trecho conheci a chuva mais fria de minha vida, fiz um lanche bem substancioso e segui. O destino daquela etapa era Estella.
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A caminho do Alto do Perdão
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Escultura em ferro no alto do Perdão |
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A descida do Alto do Perdão é toda em terreno com seixos rolados |
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Em Obanos |
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Em uma manhã chuvosa e fria, uma pausa para um segundo Desayuno |
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Em Puente La Reina |
A cidade de Estella-Lizarra exige uma pernoite. É lindamente rica em monumentos históricos. As placas da cidade contam sua história, vale a pena parar para ler. Em 1090 o Rei Sancho Ramirez tornou a cidade uma espécie de zona Franca (Asentamiento de francos comerciantes) aqueles que não pagavam impostos por sua atividade econômica. Em cada margem do rio Ega existia um burgo, com leis diferentes, muralhas e torres, até que foram unificadas em 1226, mas até o século passado guardavam seus limites territoriais e seus privilégios históricos.
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Convento de Santo Domingo fundado por Teobaldo II em 1.259. |
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Las calles de Estella-Lizarra |
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Antigo palácio dos Reis de Navarra - Museu Gustavo de Maeztu |
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Antigo Ayuntamineto |
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Escadarias(1968) da Igreja de São Pedro(Século XII). |
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Benditos sinais |
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Porta medieval da antiga cidade |
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Porta da Igreja de San Pedro |
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Igreja-fortaleza de San Miguel |
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Interior da Igreja de San Miguel |
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Porta da Iglesia de San Miguel. |
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Os campos de trigo da Velha Espanha |
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Antiga mina d´água do caminho |
DE ESTELLA - A LOGROÑO - 50,5 KM
Saindo de Estella- Lizarra cerca de 03 km existe o mosteiro de Irache, onde há uma fonte com duas torneiras, uma verte água potável e a outra verte vinho. Infelizmente como passei por lá muito cedo na torneira de vinho não saía nada, mas alguns peregrinos me contaram que no dia anterior beberam vinho daquela fonte.
De Estella a meta era Logroño a 49 Km, mas antes passa-se dentre outras localidades por Los Arcos, Sansol, Torres del Rio e Viana.
O caminho é formidável, com muitos trigais, parreirais e muitos campos salpicados com flores de papoula vermelhas. O relevo não é muito difícil, mas gastei 8 horas nesse percurso, a culpa foi da beleza. Impossível não parar para admirar os campos e as cidades.
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Porta da Igreja de Santa Maria em Los Arcos |
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igreja em Viana |
Em Viana está o túmulo de César Bórgia, uma das mais fascinantes figuras da história da humana, filho do Papa Alexandre VI, inspirador de "o príncipe" Maquiavel. Nasceu no mesmo ano que Michelangelo e foi um de seus apoiadores.
Em viana a blocagem da roda traseira se soltou e a roda começou sair, quase estragando o frei à disco, tive que virar a bike e arrumar a roda, o freio ficou pegando um pouco, mas nada grave.
Cheguei em Logroño por volta das 15:00, me hospedei no albergue municipal, fiz minha rotina, lavar roupa e por pra secar, sempre lava à mão, mas em todos os albergues haviam máquinas de lavar e secar com preços que variavam de 2 a 5 euros. Dei uma revisada rápida na bike, lubrificação, apertar parafusos do bagageiro, regulagem do freio etc. deixei a bike e fui passear por Logroño.
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Feira em Logroño |
Era feriado na cidade e para chegar no albergue tive que atravessar uma multidão imensa. depois de ter feito minha rotina fui almoçar em uma feira no centro histórico, com motivos medievais, havia desfiles de personagens históricos e tendas medievais. comi um sanduíche imenso com caneco de cerveja idem.
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Fonte de água |
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Homenagem aos peregrinos, tinham esquecido dos cicloperegrinos |
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Arredores de Logroño Parque de la Grajera |
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pequenos trechos de trilhas como essas tornam o caminho mais interessante |
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Imagens de Nájera |
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Rio Najerilla |
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A Espanha é o país com maior área de parreirais do mundo |
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Alguém se lembrou dos bicigrinos. |
De Logroño a Santo Domingo de La Calzada- Graõn - 58,5 km,
passa-se por Navarrete, Ventosa, Nájera, Azofra, Cirueña. Estamos na terra dos vinhos Rioja. ótimos tempranillos e granachas, vinhos verdes, Jovens, crianza, e reserva. lugar de vinhos bons e de preços justos. Optei por não dormir em Santo Domingo. Busquei um lugar mais tranquilo, encontrei Grañon. Dormi em um albergue que o pagamento era um donativo, "la casa de las sonrisas". tomei um bom vinho crianza (que não tem nada a ver com criança, se refere à criação) em uma charmosa taverna na qual havia um piano e uma cliente tocou duas músicas lindíssimas.
GRAÑON - TARDAJOS - 61,4 km
Saí de Grañon com uma chuva fina, com a intenção de ficar em Burgos, mas resolvi andar um pouco mais e ficar em Tardajos, outra boa escolha. Burgos é uma cidade muito bonita com toda infraestrutura, inclusive pelo menos uma boa "taller de bicicleta" para dar uma manutenção. Mas como o percurso do dia seguinte é classificado como pesado, não vi mal algum em avançar um pouco mais. (6,5 km).
É importante ressaltar que quando os guias classificam os trechos, como pesado, muito pesado, tranquilo ou médio, eles estão pensando primeiramente nos caminhantes. Para os ciclistas é mais fácil.
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Interior da igreja de Tardajos- comandada pelo Padre Gúzman |
Em Grañon fiquei novamente em um albergue que não cobra a cama, quartos com poucas beliches, tudo muito limpo e organizado como em todos os albergues que fiquei, ótimos chuveiros e rigorosos com os horários. O pagamento é feito por um donativo, tomei um vinho com o hospitaleiro Xavier e seu amigo também Xavier, me deram uma aula sobre vinhos espanhóis. Nos acompanhou o simpático Hiroshi um Japonês de Hamamatsu que já morou no México, Hiroshi de uns 65 anos estava fazendo o caminho à pé.
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Chegando em Castrojeriz |
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campos repletos de papoulas |
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Aqui tem uma subidinha boa pra matar a saudade das montanhas
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DE TARDAJOS A CARRIÓN DE LOS CONDES - 74,7 Km.
Passando por Hornillos del Camino, Arroyo Sambol, Hontanas, Santo Antón, Castrojeriz, Itero de la Vega, Boadilla del Camino, Frómista, Poblacíon de Campos, Villarmentero de Campos, Villalcázar de Sirga.
Um trecho pra fazer sem pressa, a paisagem é belíssima, aliada ao clima ameno e a beleza das localidades.
Pega-se uns trechos asfaltados, os carros como em toda a Espanha são muito cuidadosos com os ciclistas, havia casos em que eu encostava e parava para que eles me ultrapassassem, se eu não fizesse isso eles não ultrapassavam mesmo havendo espaço.
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Hospital de Peregrinos no meio do caminho |
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Canais de Frómista. |
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Ermita de San Miguel |
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Bike em descanso no albergue Santa Clara. |
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Praça em Carrión de los Condes |
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As cegonhas utilizam, postes, torres de sino e ruínas para fazerem seus ninhos |
De CARRIÓN DE LOS CONDES A LEÓN -
96,3 Km
Passando por – Abadia de
Benevivere, Calzadilla de la Cueza,
Antigo Hospital de Santa Maria de las Tiendas, Ledigos, Terradillos de
los templários, Sahagún, Calzada de l coto,
Bercianos, El Burgo Ranero, Reliegos, Mansilla de Las Mullas,
Villarente, Arcabueja dentre várias outras localidades.
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Muralha de León |
León fundada no século I a.c pela legião romana Légio VI é uma cidade que conserva suas muralhas e preserva a memória de sus heróis.
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Interior da Catedral de León |
Uma preciosidade do Caminho de Santiago de Compostela é a Catedral de León.
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Catedral de León |
Ponte Românica em Hospital de Orbigo
Alguns dias antes houve um festival em que foram apresentados torneios de justas, como os antigos cavaleiros da idade média. do lado esquerdo da ponte estava a pista.
Depois de uma subida muito forte sobre o sol escaldante, eu com poucos euros na bagagem, jurei que tomaria um iogurte em uma padaria. Eis o que aparece no alto do morro. Uma barraca com frutas, sucos, ovos cozidos, pães, café...e iogurte. o Pagamento, um regalo, coloquei lá meus últimos 02 euros da carteira.
DE LEÓN A ASTORGA – 46,8 Km (6,8km)
Passando por – Virgen del
Camino, Valverde de la Virgen; San Miguel del Camino, Villadangos del
Páramo, San Martin del Camino, Hospital de Orbigo, dentre outros;
Astorga é outra cidade muito
aprazível, boa comida, bom vinho, albergue confortável e muita história.
Em Astorga, esse castelo projetado por Antônio Gaudi, também se destaca ao lado da catedral.
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Portada da catedral de Astorga |
DE ASTORGA-PONFERRADA-COLUMBRIANOS - 62,8 km
Passando por Cruz de fero, Riego
de Ambros, Molina Seca e Ponferrada, Gostei muito desse trecho. Aqui peguei uns
trechos de rodovia principalmente para fazer uma descida incrível rumo à Molina
Seca. Ponferrada é o grande destaque, uma cidade belíssima com um castelo
medieval muito bem restaurado. Dormi em Columbrianos, uma cidade alguns
quilômetro de Ponferrada em um albergue privado,.
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Pegando um pouco de asfalto para chegar em Ponferrada |
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Castelo Templário em Ponferrada |
De COLUMBRIANOS A HOSPITAL DE LA CONDESSA- 57 KM.
Passando por Cacabelos,
Villafranca del Bierzo, Trabadelo, Veja de Valcare, O Cebreiro, e muitos outros
povoados e cidades. Esse é considerado um trecho difícil, principalmente para quem
vai à pé. Para bike é um belo passeio. O número de caminhantes é muito grande,
em muitos momentos os ciclistas tem que ir muito devagar. Minha bicicleta não
tinha o “timbre” e eu tinha que pedir licença verbalmente para passar, o que se
torna meio cansativo. Mas pelo menos vemos muita gente pelo caminho.
A subida do Cebreiro assusta muita gente, vi quase todos os ciclistas subirem pelo asfalto, pela trilha só havia um outro cicloperegrino solitário e eu. Nos encontramos em vários momentos pelo caminho, no entanto, não descobri seu nome nem nacionalidade.
A trilha é pesada, ascensão de 790m em 13 km, mas é muito boa de fazer, o visual é incrível. O Cebreiro possui uma igreja que fazia parte de um mosteiro de 1072. Naquele dia o Brasil estreava na copa do mundo de 2018. Eu decidi andar mais um pouco e chegar em um pequeno povoado, Hospital de la Condessa. dormi no albergue da Xunta de Galicia com somente 20 camas. no restaurante da localidade, comi de sobremesa a melhor Tarta de Santiago do Caminho.
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Igreja de Santa Maria la Real do Cebreiro |
De HOSPITAL DE LA CONDESSA A
PORTOMARIM – 59,5 (63,6)
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Igreja de San Nicolás em Portomarín - século XII/XIII |
PASSANDO POR: Tricastela, Sarria, Barbadelo, Ferreiros. Um caminho com relevo desafiante, muito sombreado perfeito pra pedalar. Em Sarria muitos peregrinos começam sua jornada, faltam apenas 111 Km para se chegar em Santiago. Por isso o caminho fica ainda mais cheio de peregrinos. Por isso esse trecho tem muitos peregrinos “amadores” muitos sem a bagagem típica, muitos que não retribuem o “Buen caminho”, um francês ficou de cara feia porque acordei no Albergue às 06:30, o dia em que levantei mais tarde. Um trecho lindo, mas onde muitos estão atrás apenas da Compostela, o certificado de que se fez o caminho. É muito fácil reconhecer aqueles que estão peregrinando e aqueles que estão apenas atrás de um certificado. Mas para todos os tipos de peregrinos existem mil caminhos diferentes.
DE PORTOMARÍN A ARZUA - 54 kM - (62 kM)
Passando por Ventas de Naron, Ligonde, Palas del Rey, cazanova, Melide, Ribadiso entre outros.
DE ARZUA A SANTIAGO DE COMPOSTELA - 42 km.
O fim da viagem mexe com todo mundo, adiantei um dia para ficar mais tempo na cidade de Santiago e não arrependi, é uma bela cidade, muito maior do que eu pensava. Tem uma parte histórica magnífica e um centro comercial respeitável. Muita área verde e a praça da Catedral de Santiago, monumental. Assistir à missa ali tem um sentido especial até mesmo para quem não é cristão.
Entre os pontos de partida e chegada, foram 795,3 Km rodados, no entanto, somando-se os desvios para conhecer alguns pontos, os erros e consertos de rotas, foram rodados 826,8 Km.
Dormindo apenas em albergues e comendo o menu peregrino, dá para viver com 30 euros por dia muito fácil. Por vários dias gastei 20 euros dia.
O que eu faria diferente: faria ainda mais de vagar, pararia mais, faria mais lanches nas matas, bosques e beiras de riachos. Reservaria dois dias pra ir e voltar em Finisterra (o antigo fim da terra) antes de Colombo.
Alugar a Bike: existem serviços a partir de 1300,00 reais, em alguns casos há opção de compra da bicicleta, o que pode ser bem mais barato do que comprar um bicicleta aqui no Brasil.
Para quem vai usar vários modais de transporte, avião, trem, ônibus, transporte coletivo, metrô, etc. alugar uma bicicleta que será entregue no exato local em que se começará a viagem e devolvida ao fim da viagem é uma boa. Alguns ônibus e transporte coletivo não carregam bike. Nos trens não há garantia de transportar as bicicletas. Enfim, alugar uma bike é sempre uma boa opção, principalmente para aqueles que não querem colocar suas magrelas em risco ou precisam se locomover entre uma cidade à outra com mais rapidez antes de começar a pedalar.
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Monumento no monte do Gozo. Tem esse nome por que daqui já se avista a cidade de Santiago. |
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Retábulo da Catedral de Santiago |
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Interior da Catedral |
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Mosteiro ao lado do Albergue Seminário Menor. |
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A Catedral ao fundo, aqui é emocionante ver os peregrinos se emocionarem.
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