Setembro, o único mês disponível
para as férias de minha esposa, juntamente
com agosto um dos meses mas ventosos no Uruguai. No ano anterior eu acompanhei pela internet, ventos de 54 Km/h que sopravam o dia inteiro. Resolvi encarar o vento e o frio
de final de inverno no pequeno e lindo
Uruguai.
Antes de pedalar, minha logística
incluiu, uma viagem de ônibus à Brasília, um taxi até o aeroporto, um voo para
Porto Alegre, mais oito horas de ônibus de Porto Alegre ao Chuí.
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logo após o desembarque na rodoviária de Chuí |
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Rumo à Montevidéu |
Cheguei às sete e meia ao Chuí a
cidade mais ao sul do Brasil, montei a bicicleta na pequena rodoviária e tive
minha primeira surpresa, a bomba de encher pneu quebrou. Era uma manhã de
segunda-feira, sete de setembro. Ótimo, feriado no lado brasileiro da cidade.
Todas as oficinas estavam fechadas, depois de ir a dois postos de combustível
consegui encher os pneus no calibrador para veículos. Saquei um dinheiro no
Banco do Brasil e fui tomar café da manhã no Uruguai. Devido a lei da demanda
e da procura consorciada com o decreto do Não tenho
escolha, paguei 25,00 por um cappuccino e um sanduíche no Uruguai. Troquei o dinheiro em uma casa de câmbio e
encontrei um loja de bike que embasada
na legislação anterior me cobrou 50,00 reais de uma bomba de pneu que no Brasil
custa 30,00. Fazer o quê?
Resolvi pedalar antes que meu dinheiro acabasse no
Chuí. Uns 05 km depois de sair da cidade
o visitante se depara com a aduana. Para viajar pelo Uruguai e
Argentina, basta um documento de identidade tirado nos últimos 10 anos e em bom
estado de conservação. Por um problema em meus documentos, não consegui tirar a
segunda via da identidade, então usei o meu passaporte, que também é válido
para viajar pelos países do Mercosul. Carimbado o Passaporte, comecei a pedalar
numa planície cujo asfalto é ótimo, o acostamento nesse trecho inicial, nem
tanto, mas é perfeitamente transitável para uma bike com pneus de MTB, 2.1, como eram os meus.
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Esquema da viagem em um Placa |
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Era muito frio, até os cavalos estavam de jaqueta. |
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Nas rodovias planas e retas do Uruguai, um trecho se transformou
em uma pista de pouso para aviões |
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Vista parcial das muralhas do Forte de Santa Teresa. |
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Estátua próxima ao forte de Santa Teresa |
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Palmeira típica do Uruguai, encontrada por toda a extensão
das rotas 9 e 10 |
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Outra cena comum em todo o Uruguai. |
Soprava um brisa calma, caía uma
garoa fina e gélida, e, fazia um frio antártico. Estava com um Anorak, (corta
vento) e uma calça térmica e mesmo assim sentia frio, mas a vontade de pedalar
aquecia o corpo e a alma. Com cerca de 33 km passei no Pueblo de La Coronilla,
singelo, bonito e com uma praia linda, cujo mar estava gelado, comprei umas
frutas em uma pequena venda, queria testar meu portunhol com alguém, conversei
com alguns clientes e com o dono do estabelecimento que logo percebeu que eu
era brasileiro. (não sei por que? falei
quase igual ao escritor Horácio
Quiroga). O dono do estabelecimento também era brasileiro, me contou uma estória
conversamos um pouco e zarpei rumo ao meu primeiro pouso, Punta Del Diablo.
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Na entrada do povoado |
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Meu jantar naquela noite. |
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Interior de uma das cabañas. |
Mal saí de La Coronilla, o vento
me lembrou que era setembro no Uruguai. Somado ao frio esse vento fazia-me pedalar a 12 Km/h e
parece que quanto mais eu tentava mais forte o vento soprava, fiz amizade com o
vento e pedalei de vagar ouvindo
toda a sua canção. Faltando 05 Km para chegar no forte de Santa Tereza,
meu pneu dianteiro fura. Isso é que é sorte. Não pelo pneu furado, mas furou
bem em frente a um parador (como eles
chamam um bar, ou uma “lancheria” na
beira da estrada) utilizei-me de uma cadeira para apoiar a suspensão dianteira
da Bike enquanto sacava a roda para trocar a câmara. O Vento inclemente, tornou
esses cinco quilômetros longos e lentos. Cheguei em Santa Tereza para visitar o Forte de muralha amarillas, a cor se deve à musgos que colorem
de amarelo as muralhas do forte. O forte nessa época de baixa temporada só abria aos sábados e domingos, mas é muito
bonito o local, asfaltado e com vários pontos para se visitar. Por exemplo, o
parque de Santa Tereza é bem no final de
um calçamento. Fiz um lanche ao pé de uma estátua equestre e voltei para a Rota
9 para continuar a viagem. Cheguei a Punta del Diablo às 14:10 foram apenas
54,57 Km rodados, mas deu para sentir como seria a viagem. (Punta del Diablo,
dista de Chuy apenas 43 Km, mas com os passeios e visitas rodei 54,57 Km).
Depois de rodar procurando um hostel ou qualquer abrigo, percebi que estavam
quase todos fechados, perguntei a um grupo de turistas brasileiros e eles me
informaram um local que alugava cabanas e pra lá eu fui. Aluguei uma pitoresca
cabana pelo equivalente a 80,00. Eles aceitavam tanto reais quanto pesos. No
câmbio paguei uma cotação de 7,69 pesos por real. No comércio as pessoas
estavam fazendo um câmbio de 8,00 pesos por real.
O Pueblo: Punta del Diablo já foi
apenas um vilarejo de pescadores
frequentado por hippies, e ainda mantém uma atmosfera de paz e amor. Com
várias opções de hospedagem, no verão é muito procurado por turista de várias
partes do mundo, incluindo muitos brasileiros.
Possui muitos bares e
restaurantes descolados, muitos, no entanto estavam fechados e possui três
praias principais, Playa de La Viuda, Playa del Rivera e Playa de los
Pescadores. As cabanas são uma ótima opção de hospedagem, tem beliches no
térreo e uma cama de casal no mezanino e toda a área em volta das cabanas está
equipada com várias Parillas, as
churrasqueiras onde se preparam as
parrilladas.
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Quiosque para venda de produtos da região. |
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Ás margens do Arroyo Valizas. |
No segundo dia, não houve moleza,
acordei cedo e parti rumo à próxima parada, Cabo Polônio. Mas antes, uma
ventania que ora me fazia andar a 9 km/h, ora a apenas 5 Km/h e o frio foi
cortante. A topografia continuava como uma mesa, plana, e o asfalto era bom. Mas isso não era o
bastante para me fazer andar, ventos vindos do sul a 40 Km/h em um local onde
quase não possui árvores para quebrar o vento que sopra constante tornam-se uma
barreira difícil para o cicloturista. A paisagem apesar de ser bem monótona, me
distraía, uma grande quantidade de aves podem ser avistadas da Rota 9, passei
por um cicloturista, fazendo o trajeto
contrário ao meu, nos cumprimentamos e seguimos cada um para seu lado, ele
tranqüilo, a favor do vento.
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Arroyo Valizas |
A vista das lagunas era sempre um
alento. Lagunas imensas como a Laguna Negra e várias entradas para praias, como
La Esmeralda que preferi não visitar devido ao cronograma atrasado. Pretendia
chegar ao terminal de ônibus de onde
saem os caminhões que levam à Cabo Polônio até às 10:30, com a intenção de
conhecer o lugar, voltar e continuar a pedalar.
Passei perto da cidade de
Castillos e virei à esquerda pegando a Rota 16 rumo à Rota 10, foram cerca de
20Km, peguei as primeiras subidas no Uruguai, subidas discretas. Passei próximo
à entrada de Águas Dulces, distava dali apenas 5 km, fiquei tentado em ir
conhecer, mas meu objetivo era Cabo Polônio naquele dia. Peguei a Rota 10 e segui
pedalando devagar. Passei por um Arroyo muito bonito, o Arroyo Valizas, com um
pequeno aglomerado de casas às suas margens. Procurei um lugar para fazer um
lanche e não tinha nada ali, me informaram que só haveria no terminal de
ônibus. O Arroyo sai da Laguna Castillos e segue delimitando o lado norte do
Parque Nacional de Cabo Polônio.
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Veículo que leva até Cabo Polônio |
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Vista a partir do interior do veículo. |
O transporte do terminal até o
pueblo de Cabo Polônio é feito em caminhões adaptados para o transporte de
turistas. Possui dois pisos com assentos. São cerca de 7 Km de um caminho com
areia fofa que só é permitido ser feito por esse meio de transporte. Paguei 170
pesos (o equivalente a R$ 21,25) de ingresso e com direito à volta no caminhão.
Perdi o caminhão das 10:30, o
próximo só sairia às 13:00, desmontei a bagagem, peguei o necessário para levar,
e prendi a bike em um poste no estacionamento (tem vigilância 24h e não tem a
menor possibilidade deles transportarem
bicicletas nos caminhões), somente quem pedala, sabe como é dura essa
separação, é como tirar o Silver do Cavaleiro Solitário, ou Tornado do Zorro,
mas assim como os heróis, às vezes o cicloturista tem que dar um descanso para
a montaria. E ao contrário do que me disseram na estrada, não havia uma
“lancheria” na estação, comi o lanche que estava levando.
O pueblo: Sem energia elétrica,
sem carros, sem sinal de celular e um orelhão, que funciona. Cabo Polônio é
rústico, frio, lindo e dá vontade de ficar ali por muitos dias. Possui duas
grandes praias- a Playa Sur e mais ao
norte a Playa de la Calavera, onde
estão os barcos dos pescadores. O povoado é composto por três caminhos
principais e outros pequenos caminhos secundários, um leva às pousadas e
restaurantes mais caros, outro leva ao farol e outro liga uma praia à outra
cruzando o povoado. Seguindo da playa de la calavera em direção à playa sur
está o pontão rochoso que abriga uma barulhenta colônia de Lobos Marinhos.
Primeiro sentimos o cheiro, depois ouvimos a algazarra e só então vemos os
bichos.
Há muitos filhotes mortos nas
praias, eles se afastam das mães e não conseguem voltar. Presenciei um filhote
que se distanciou muito pouco da colônia e parecia não saber voltar, dava
vontade de ajuda-lo a retornar à colônia que estava a poucos metros, mas não
sabia como ajuda-lo e infelizmente eu só estava presenciando a natureza fazendo a seleção natural.
Esses animais no passado
forneceram carne, gordura e pele aos uruguaios, hoje são protegidos e um dos
maiores responsáveis pelo turismo local.
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Um dos vários filhotes mortos na praia |
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Vista a partir do farol |
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Ilhas em frente ao cabo |
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Vista a partir do farol |
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Isla encantada |
Outra atração do local é el Faro,
o farol de Cabo Polônio, com 40 metros de altura, oferece uma visão
privilegiada do povoado, assim como das ilhas que ficam na costa e que também
abrigam lobos marinhos. As islas rasa e
encantada, são facilmente visualizadas do farol. Outra atração noturna de Cabo
Polônio é o céu, salpicado de estrelas
que não concorrem com a poluição luminosa das luzes artificiais. O facho
do farol que rasga com regularidade a escuridão da noite, não atrapalha o show das estrelas que se
apresentam para aqueles que resistem ao frio e ao desejo de voltar para a cama
quentinha.
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Melhorando o isolamento térmico |
O terceiro dia (09/09) não
começou com pedaladas, o primeiro caminhão nessa época do ano só sai às 11:00h.
Na alta temporada há veículos a partir das 7:00h.
Fiz um café da manhã reforçado
com produtos comprados na única venda do local (lujambio), apesar de simples é
bem sortida, pode-se comprar vários tipos de pães, frutas, doces, vinhos por
bons preços, sucos.Enfim, não se passa fome.
O caminhão voltou com apenas três
pessoas, fiquei feliz de ver a bike presa ao poste. Peguei minha tralha que a
atendente do terminal guardou para mim “en
La oficina” no escritório e peguei a
estrada, nesse momento chegava na estação um grupo grande de jovens turistas.
Comecei a pedalar faltando sete
minutos para meio dia, agora rumo à La
Pedrera. O pedal continuava pela bem pavimentada rota 10, um caminho agora mais
arborizado, passei pela
costa do oro, e
algumas horas depois estava chegando em La Pedrera, um belo balneário ainda banhado
pelo Atlântico. Fiz um passeio pela cidade e quando estava voltando uma senhora
me apontou um grupo de baleias que nadava tranquilamente à uma distância
relativamente pequena da costa. Tentei fazer umas fotos, não fui muito feliz, só algumas barbatana dorsais
e uma cauda muito rápida para focar e bater a foto. Mas foi muito legal ficar
assistindo aqueles animais enormes nadando tranqüilos naquelas águas frias.
De La Pedrera voltei para a rota
10 e segui para La Paloma, que dista apenas 18 Km de La Pedrera. Pedalei tranquilo
e sem pressa, a estrada é ótima e o visual é muito bonito. Cheguei em La Paloma
às 15:30 fiquei em um bom hotel por um preço equivalente a R$ 100,00 para os
confortáveis apartamentos da “planta baja”, o térreo. A cidade é muito bonita. Nesta
baixa temporada, estava muito quieta, poucos turistas e os moradores da cidade como em todo o Uruguai
são muitos gentis e atenciosos. Passeie pela cidade, tentei visitar o
farol que estava fechado para manutenção,
trata-se do farol Cabo Santa Maria de
1874, ano em que a cidade foi fundada. Comi um lomo com papas fritas e tomei um
vinho tannat, a especialidade do Uruguai.
Tanto La Pedrera como La Paloma
possuem ótima estrutura, com muitos e bons restaurantes, pousadas, hostels e
hotéis.
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Esqueleto de uma baleia franca na praça de La Paloma |
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Bikes, muito usadas no Uruguai. |
Outra coisa que chama a atenção é
o esqueleto de uma baleia franca que fica na praça central da cidade, esses
enormes animais são muito respeitados e admirados pelos uruguaios. Uma baleia
franca vive cerca de 60 anos, podem chegar aos 18 metros de comprimento e 55 toneladas.
Quarto dia 10/09
Acordei cedo, tomei o
“desayuno” e parti com a intenção de
dormi em José Ignácio distante cerca de
79 km . Como disse Van Gogh em
uma carta, “os Moinhos já não existem, mas o vento, todavia, não para de
soprar”. Acho que o pintor pedalou pelo Uruguai!
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A chuva sempre presente. |
Vi na TV local que a balsa que fazia a travessia da
laguna Rocha, próxima a La Paloma, não estava funcionando e não tinha como
atravessar o canal que deságua no mar, e como a maré estava alta e o mar com
ressaca, resolvi tomar a Rota 15 em direção à cidade de Rocha e lá retomar à
rota 9. Agora um sobe e desce constante por um asfalto perfeito com um
acostamento idem. No céu,
cúmulos nimbus,
anunciavam uma chuva gelada. Pensei
que se chovesse eu estaria em uma enrascada,
como o clima é senhor de si mesmo, parei, sentei-me na beira da estrada e tomei um lanche digno de um glutão, se
chovesse pelo menos estaria bem alimentado. Continuei a pedalada e Deus
resolveu poupar-me da chuva fria e ela se foi pro norte.
Depois de andar muitos quilômetros pela rota
09 virei à esquerda em uma estrada secundária rumo a José Ignácio, um
Pueblo sensacional.
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Cena comum, venda de pinhas e madeira para servir de lenha. |
Mansões, restaurantes descolados, todos fechados, hostels mais descolados ainda, todos fechados. Tentei negociar minha permanência e um hostel que passava por uma pequena reforma e a dona me disse
que poderia me atender caso fosse uma emergência. Valor 50 dólares americanos. (Enquanto isso, no
Brasil, perdíamos o grau de investimento e o dólar disparava, já estava a quase
4 reais).
Em José Ignácio não havia caixas
para sacar dinheiro e meu dinheiro não dava para dormir e comer.
A moça
do hostel me disse que até Punta del
Este eram cerca de 35 km, e que lá tem
várias opções de hospedagem e “cajero par sacar diñero”. Lá vai eu, pedalando contra o vento, sem
lenço e sem documento. Nesse trecho até Punta del Este, fiz algo que nunca
havia experimentado. Como o vento me empurrava para a minha direita e me jogava
para fora do acostamento, aprendi a pedalar encostado no vento. Inclinava a
bike para minha esquerda e o vento me sustentava, com isso conseguia manter uma
linha reta, mesmo pedalando a míseros 5 km/h pelo menos fazia a bike avançar. José Ignácio pertence ao Departamento
(equivalente a Estado no Brasil) de Maldonado, assim como Punta del Este.
A
estrada é ainda mais bonita, o início da pedalada é bem próximo à praia. Em um
momento pedalei por uma parte em que
tinha o mar de um lado e a Laguna José Ignácio de outro. Esse trecho é bem
urbanizado, porém estava demorando a encontrar
um local para comprar água e parei para
perguntar a uma simpática senhora que tinha uma barraquinha de
empanadas e tapas e ela que não vendia
água, dividiu comigo um pouco da sua própria garrafa. Esse trecho tem muitas paradas de ônibus e
muitos balneários. Passei pelo Balneário
de Buenos Aires, El Chorro, Manatiales, Laguna Blanca e La Barra com muitos
hotéis e pousadas, parei em várias, nenhuma estava hospedando. Aí um muchacho de um hotel me indicou o Mantra,
rodei vários quilômetros até encontrar o tal, quando vi a fachada, desisti, era
um cassino e resort e a diária era de R$ 1.000,00, já estava muito cansado, mas
isso me animou a ir até Punta del Este.
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Trecho próximo a José Ignácio |
Continuei pedalando e passei pela
ponte ondulada que atravessa o Arroyo Maldonado. Depois disso é um passeio pela
Rambla, com suas casas de padrão Miami, grandes condomínios e prédios
suntuosos. Já era noite quando encontrei um hostel, bem acolhedor, seu dono é o
Tony que também curte bicicletas e possui uma Raleigh antiga. O hostel é o
B&B – Bed and Breakfast paguei 400 pesos, equivalente a 50,00 com direito a
café da manhã como informa o nome do hostel.
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A bela orla de Punta del Este. |
Dividi o quarto com o Sr. Júllio
um simpático montevideano que me deu uma aula de pronúncia em espanhol. Saí
para comer uma carne com papas e ensalada três gustos, uma ótima carne acompanhada de batatas e salada com Lechugas (alface) remolachas (Beterraba) e tomate (tomate mesmo).
Acompanhado por uma
Botella de Tannat
tudo isso por 720 pesos incluindo a propina (gorjeta) para a garçonete, o
equivalente a R$ 90,00, não foi barato mas a comida e o ambiente eram
ótimos.
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Ponte ondulada no departamento de Maldonado |
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Vista parcial de Punta del Este.
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O quinto dia - 11/09
Na manhã seguinte fui conhecer o
monumento ao afogado, a escultura de Mário Irarrázabal, também conhecido como
La Mano. Punta Del Este é uma grande cidade com pouco mais de 10 mil
habitantes. A maioria das mansões e apartamentos são de pessoas que só vão
lá no verão. A consequência disso é que
parece que estamos andando em uma metrópole deserta.
Parei em frente ao hotel Conrad
que é um famoso resort e cassino, fiz umas fotos da cidade, e do mar del plata (a mistura do mar com o
rio de la plata) e parti seguindo pela belíssima Rambla Cláudio William, depois
de andar 3,5 km contra o sempre implacável vento, resolvi beber água da mochila
de reidratação. Surpresa, ela não estava em minhas costas, eu a havia
esquecido na última parada. Dentro dela,
parte de meu dinheiro recém sacado, câmera fotográfica, documentos e água, ou seja o mais precioso
tesouro de um viajante. Voltei "voando", agora a favor do vento e pude sentir o
quanto é fácil pedalar nesta situação. A
mochila ainda estava lá intacta, do jeito que eu havia deixado. Ufa! Percebi
que comecei a relaxar cedo demais.
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La Mano - ou monumento ao afogado. |
Meu destino hoje era Piriápolis,
um balneário superprocurado do Uruguai, banhando pelo rio da plata, já com sua
cor característica de um rio que deságua no mar. Priápolis possui em seus arredores, alguns morros que
possibilitam boa visão do litoral. Tem até um teleférico. Tem vários hotéis e restaurantes, fiquei no hotel
Lujan, aberto o ano todo. Comi em um restaurante em frente ao hotel. Lá um
garçom (camareiro ou mozo) mal humorado, mas uma comida excelente. Fiz um
passeio pela cidade, inclusive sua Rambla, bela e extensa.
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Praça em Piriápolis |
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Vista parcial da Rambla de Piriápolis |
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Boa estrutura hoteleira em Piriápolis |
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Ao fundo o morro do teleférico |
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Uma cidade tranquila nessa época do ano |
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Saindo do Hotel |
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Por toda a extensão, rodovias sem lixo e com margens bem cuidadas |
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viaduto que dá acesso à Atlântida |
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As árvores ainda sentem o final do inverno. |
No sexto dia, saí de Piriápolis
para chegar até Montevideo, são 98 Km, fiz meu
dasayuno, com as onipresentes
medialunas,
que são uma espécie de croissant (bom,
eu acho). Saí seguindo pela rambla, com
o rio/mar meio ressaqueado, jogando água para o alto. Passei em Atlântida (45
Km) uma bela cidade à beira do Plata, almocei um chivitos caprichado e
continuei, sempre por uma boa estrada
com acostamento ótimo e movimento tranquilo. A partir de Atlântida quase
todo o percurso já tem um ar de região metropolitana, só que tudo muito limpo e
bem cuidado.
Fiz esse último dia de pedal com calma curtindo cada paisagem,
cheguei por volta de 16:00 em Montevidéu. Linda cidade, com sua rambla de 28 Km.
Pessoas caminhando, pedalando, tomando seu mate na praia, na rua, na calçada,
nas sacadas em qualquer e todos os lugares.
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Aeroporto de Montevidéu. |
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Estrada que dá acesso à cidade de Montevidéu. |
A moça do guichê da buquebus, naquele
dia, muito mal humorada, falou que eu teria que desmontar a bike para
transportá-la. No dia seguinte, saí do hotel e fui pedalando para o porto, com
isso, pedalei por toda a rambla. Como era um domingo, vários ciclistas usavam a
larga avenida que margeia a rambla para pedalar. A rambla vai mudando de nome
durante o percurso, Mahatma Gandhi, Wilson, Argentina e por aí vai. Vi que na
“ciudad vieja” havia boas opções de hospedagens, inclusive mais baratas e com
inúmeras atrações para se visitar. (fica a dica, chegando na rambla, vá até o
final que encontrará hotéis a preços mais camaradas, muitos museus e bem
próximo ao porto). Chegando ao porto, o funcionário, muito simpático disse que
eu poderia embarcar com a bike montada e continuar minha viagem em Buenos
Aires, era o que eu queria. Despachei a montaria e fiz a viagem de cerca de três horas no
luxuoso buquebus “Francisco” um shopping flutuante, com motores possantes.
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um trecho do "Caminito" no bairro do Boca |
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Quadro de Van Gogh, los molinos - Exposto no Museu de Belas Artes |
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Fóssil de um diplodocus no Museu de La Plata a 56 Km de Buenos Aires |
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Fóssil de Preguiça Gigante |
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Dá para andar por toda a parte turistica de Buenos Aires de Bike.
A retirada é gratuita. |
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Fachada do MALBA - entrada paga, o acervo inclui o Abapuru , Frida Kahlo, Botero,
Diego Rivera e muitos outros. |
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Fachada do Museu de Belas Artes. Entrada gratuita - acervo riquíssimo,
obras de Goya, Rodin, Van Gogh, Modigliani, Gauguin e muitos outros |
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Abapuru - de Tarcila do Amaral - Exposto no MALBA. |
No dia 13 de setembro, encontrei
uma Buenos Aires mais caliente do que
o Uruguai, dispensei o corta vento e fiz um turismo pela belíssima capital
cheia de ciclovias, muito bem arborizada, limpa e fresca. Saí de Porto Madero,
passei pela Casa Rosada, e segui para a 9 de julho, onde me hospedaria. A
cidade é tão boa para pedalar que resolvi me aventurar mais para o centro,
antes de ir para o hotel.
Dicas: Se não quiser lutar contra o vento, evite
agosto e setembro;
Dá para levar reais, tanto no
Urugai, quanto na Argentina teria gastado menos se tivesse levado reais.
Em
Buenos Aires, olho vivo com os taxistas, um deles roubou dinheiro de minha esposa. Do
aeroporto para o hotel, minha esposa sozinha, tentou pagar a corrida com três
notas de 100 pesos (a corrida 270 pesos). O motorista falou que se tivesse
reais poderia receber em reais, quando a passageira deu os reais, ele devolveu
três notas, somente no hotel, que minha
esposa percebeu que as notas devolvidas
eram de 10 pesos e não as de 100. Resumo o bandido cobrou a corrida duas
vezes.
2 comentários:
Rony, que aventura fantástica. Sensacional. Confesso que senti vontade de também empreender semelhante jornada. Mais uma vez parabéns pela determinação.
"Seja qual for o seu sonho, comece. Ousadia tem genialidade, poder e magia." - Johann Goethe
Te felicito !! Emocionante
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